08 Março 2019
A sofrida decisão da Conferência Geral extraordinária da United Methodist Church do final de fevereiro não passou despercebida. E, enquanto dentro da UMC se busca uma via comum, chegam as primeiras reações das denominações que nas últimas décadas abordaram o tema da homossexualidade, que nas últimas semanas acompanharam os irmãos e irmãs metodistas com as suas orações.
A reportagem é de Sara Tourn, publicada por Riforma, 06-03-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Os presbiterianos da PcUSA, que adotaram um caminho semelhante àquele do One Church Plan, de modo a permitir a posicionamentos muito diferentes coexistir sob o mesmo teto, em 2011 aprovaram a consagração de pastores e leigos envolvidos em relações homoafetivas, avaliando caso a caso. Desde a Assembleia Geral de 2014, tornou-se possível celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo, por decisão do pastor ou da congregação. Entre 2012 e 2016 a denominação assistiu a uma perda de cerca de 100 congregações por ano (algumas formaram uma nova denominação, o Evangelical Covenant Order of Presbyterians – Eco), mas o ritmo dessa “hemorragia” parece ter diminuído. Além disso, explicaram os líderes do Eco, as motivações do abandono não estavam relacionadas apenas à questão da homossexualidade.
Segunda-feira, 4 de março, o escritório da Assembleia Geral da PcUsa emitiu um comunicado em que, ainda lembrando os anos de debates sobre a plena inclusão das pessoas LGBTQ, "as feridas profundas de anos de rejeição e alienação", as separações dolorosas, afirma "estar ainda aprendendo a viver em plenitude o dom de cristãos LGBTQ dentro da igreja". Para além das diferentes interpretações das Escrituras, os presbiterianos acreditam ter sido "fiéis à orientação do Espírito Santo. Somos profundamente enriquecidos pela integridade e pela fidelidade com que todos os filhos de Deus servem em sua missão e ministério.
Acreditamos na inclusão radical de todo o povo de Deus, e esse amor triunfa sobre o preconceito. Afirmamos o dom que recebemos dos cristãos LGBTQ que servem na PcUsa e consideramos que a única condição para ser membros da igreja seja a fé em Jesus Cristo”. Eles também reiteraram seu apoio para aqueles que são marginalizados e oprimidos, o compromisso de trabalhar por um mundo onde todos possam viver livremente e com segurança, mas também a proximidade com aqueles que têm posições diferentes, por serem unidos pela fé no mesmo Deus.
Para a Igreja evangélica luterana na América (ELCA), a abertura ao tema da homossexualidade chegou, paradoxalmente, justamente com o reconhecimento da plena comunhão com a UMC em 2009. Também nesse caso as decisões sobre casos específicos foram deixadas às congregações, e como para a PcUsa houve abandonos, mas muitas vezes anteriores e ligados a outros aspectos, como a desaprovação da comunhão com a igreja episcopal em 1999, dando origem à Lutheran Congregations in Mission for Christ e à North American Lutheran Church.
Após a Conferência Geral da Umc, a bispa presidente da Elca, Elizabeth Eaton escreveu uma carta à sua igreja na qual, reiterando o apoio em oração e canto "a todo o povo metodista”, lembrou que as implicações da decisão não são certas, uma vez que o Conselho Judicial da Umc ainda tem que deliberar. O que é certo é que "as conclusões não trouxeram a maior unidade que tantos desejavam". Em seguida, ela reiterou a plena comunhão entre ELCA e a UMC, as relações de amizade, o compartilhamento dos ministérios, e recordou o grande passo dado em 2009 com a aceitação de pastores e casais abertamente LGBTQ, uma decisão (declara Eaton) que, apesar das controvérsias “trouxe força e bênçãos para a nossa vida e missão, muito além do que poderíamos imaginar”.
Concluiu pedindo à sua própria igreja que "continuasse ao lado do Umc, trocando dons e compartilhando fardos", e orando por ela.
Prudência, ao contrário, do mundo anglicano e episcopal, do qual no momento não chegam declarações, recentemente agitado justamente pelo tema da homossexualidade por causa da decisão do Arcebispo Justin Welby de não admitir os cônjuges homossexuais na próxima Conferência de Lambeth, à qual são tradicionalmente convidadas as esposas dos bispos (e os maridos das bispas, mais raros, considerando que a primeira bispa foi consagrada em 2015). A decisão diria respeito a um número bastante reduzido de pessoas, às quais o bispo escreveu pessoalmente para explicar a sofrida decisão, afirmando que se trata de uma questão de princípio, que traz ao primeiro plano as disciplinas e, sobretudo, a vontade de não ferir as sensibilidades presentes na igreja. No encontro mundial dos bispos da Comunhão Anglicana a ser realizado em 2020 encontrar-se-ão, de fato, representantes de mais de 165 países de todo o mundo, com os mesmos atritos e diferenças que afloraram na Umc. Pode-se imaginar a expectativa para esse encontro: na última vez que foi realizado em 2008, vários tinham se recusado a participar justamente por oposição à plena inclusão das pessoas LGBTQ na vida da igreja. E as perspectivas para 2020 não são certamente mais conciliatórias.
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Comunhão, acima de tudo. Uma linha restritiva sobre o tema da homossexualidade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU