28 Fevereiro 2019
Conhecer a realidade é fundamental na vida do missionário, isso ajuda a colocar os pés no chão, a se encarnar na vida do povo. Nas escutas aos povos, em preparação do Sínodo para a Amazônia, essa dimensão do conhecimento de tudo o que envolve a vida e missão na região foi recolhido em diversos momentos, mais uma prova da importância dessa atitude.
Desde 10 de fevereiro a 1º de março, 28 missionários e missionárias, chegados de nove países e que vão trabalhar em seis dioceses e prelazias do Regional Norte 1, têm participado do Curso sobre Realidade Amazônica, organizado pelo Instituto de Teologia, Pastoral e Ensino Superior da Amazônia - ITEPES, de Manaus. Neste ano, teve como novidade a presença de pessoas das comunidades indígenas como participantes do curso.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
Um dos participantes é o Padre Paolo Cugini, missionário italiano, da diocese de Reggio Emilia, que vai trabalhar na diocese de Alto Solimões - AM. O missionário italiano, que já trabalhou durante quinze anos na diocese de Ruy Barbosa - BA, reconhece que “o Curso Sobre a Realidade é de suma importância, sobretudo para aqueles que vêm de fora, de outros estados e países”. Ele, depois de participar do curso, afirma que “a realidade amazônica apresenta alguns aspectos que não se encontram em lugar nenhum”. O Padre Cugini destaca “a presença clara dos povos indígenas, com tantos idiomas diferentes, com a cultura que muitas vezes foi massacrada”.
Nesse sentido, o Presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, Dom Mário Antônio da Silva, disse que “o Curso sobre Realidade Amazônica são dias de convivência para os missionários recém chegados, dias de estudos e reflexões sobre a realidade da nossa região, dias também de conhecer as belezas do bioma Amazônia e as ameaças que sofre, bem como conhecer as realidades das comunidades ribeirinhas e indígenas, comunidades do campo e da cidade”.
O diretor do ITEPES, Padre Ricardo Castro define o Curso como “um tempo e um espaço para os missionários que chegam na Amazônia, e mesmo aqueles missionários da Amazônia que querem aprofundar seu conhecimento da realidade, em uma perspectiva interdisciplinar. Momento de reflexão, de partilha e, ao mesmo tempo, de um conhecimento mais profundo da realidade amazônica”.
Ao longo de três semanas, os participantes do curso têm refletido sobre a realidade socioeconômica, política e histórica da Amazônia, sobre o conceito de tempo e espaço na região, tão diferente de qualquer um outro lugar, pois como dizem os moradores locais, na Amazônia tudo vai no ritmo da canoa.
Junto com isso, tem sido abordado o tema dos movimentos migratórios, uma realidade muito presente na região, a ecoteologia, espiritualidade, missiologia e antropologia. Também esteve presente a reflexão sobre a realidade dos povos indígenas, o tráfico de pessoas e formas específicas de missão na Amazônia, como é a Equipe Itinerante.
O Sínodo para a Amazônia tem perpassado a reflexão ao longo do curso. Nesse sentido, o diretor do ITEPES destaca um dos aspectos presentes na reflexão sinodal, que tem como base a “Laudato Si' em relação à aplicação da Teologia da Criação e ecologia integral, promovida e oferecida pelo Papa Francisco para a realidade amazônica”. A preparação para o Sínodo, segundo o Padre Ricardo Castro, “nos anima bastante nesse ano para esses estudos, para essa reflexão, e também para a inserção dos missionários nas várias realidades amazônicas”.
“Este ano de preparação para o Sínodo Especial para a Amazônia somos convidados a caminhar juntos como missionários e missionárias, caminhar juntos com as comunidades dos povos amazônicos, comunidades que são fontes de saberes e culturas, de propostas e respostas para os desafios de construir novos caminhos de evangelização para a Igreja e de propor uma ecologia integral para o mundo”, afirma Dom Mário Antônio da Silva, que espera dos missionários e missionárias que estão chegando para trabalhar na região “que a sua presença seja uma opção pela profecia e pelo Reino de Deus”.
O Padre Cugini reconhece, como resumo do curso, que “a atenção é retomar as linhas do Documento de Santarém, onde frisava a importância de uma evangelização encarnada”. Junto com isso, “o segundo aspecto que é fundamental, e que é um dos pilares do Documento Preparatório do Sínodo Pan-Amazônico, é a realidade da natureza, a ecologia”, uma dimensão que tem sido abordada ao longo das três semanas de curso. “Aqui se falou da ecoteologia, de uma reflexão teológica a partir da natureza que encontramos”, destaca o missionário italiano. Por isso, não duvida em afirmar que “este curso tem como objetivo ajudar os missionários e missionárias para uma evangelização sempre mais encarnada na realidade”.
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“Ajuda para uma evangelização sempre mais encarnada na realidade”, objetivo do Curso sobre Realidade Amazônica - Instituto Humanitas Unisinos - IHU