05 Dezembro 2018
"Todas as “metas e orientações” do documento “Família e demografia” para a pastoral familiar são de fundamental importância e continuam plenamente atuais", escreve Marcos Sassatelli, frade dominicano, doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP) e professor aposentado de Filosofia da UFG.
No documento “Família e Demografia”, a II Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e Caribenho de Medellín - depois de apresentar a realidade da família latino-americana e caribenha, refletir sobre o papel da família nessa mesma realidade e tratar da questão demográfica - faz, no final, algumas recomendações para a pastoral familiar.
A Conferência parte de uma constatação: “Por vários fatores históricos, étnicos, sociológicos e até caracterológicos, a instituição familiar sempre teve, na América Latina (e Caribe), uma importância global muito grande. É certo que nas grandes cidades perde parte de sua importância. Nas áreas rurais, que formam ainda a maior parte do continente, apesar de todas as transformações externas, a família continua a desempenhar um papel primordial tanto no campo social, quanto no cultural, no ético ou no religioso”.
Afirmam os bispos: “Por isso e mais ainda pela condição da família de formadora de pessoas, educadora na fé e promotora do desenvolvimento (da vida), mas também a fim de sanar todas as carências de que ela padece e que tem graves repercussões, julgamos necessário dar à pastoral familiar uma prioridade na planificação da pastoral de conjunto”. E ainda: “Sugerimos que esta seja planejada em diálogo com os casais que, por sua experiência humana e pelos carismas próprios do sacramento do matrimônio, podem auxiliar eficazmente em sua elaboração”.
Segundo a Conferência, a pastoral familiar “deve conter, entre outras coisas, as seguintes metas e orientações fundamentais:
Finalmente - declara a Conferência - “queremos estimular os casais que se esforçam por viver a santidade conjugal e realizam o apostolado familiar, bem como os que, ‘de comum acordo, de forma bem ponderada, aceitam com magnanimidade uma prole mais numerosa para educá-la condignamente’ (GS 50)”.
Os bispos concluem dizendo: “Bem planejada e bem executada mediante os movimentos familiares, tão meritórios, ou mediante outras formas, a pastoral familiar contribuirá, certamente, para fazer de nossas famílias uma força viva (e não, como poderia acontecer, um peso morto) a serviço da construção da Igreja, do desenvolvimento (da promoção da vida) e da realização das necessárias transformações em nosso continente”.
Todas as “metas e orientações” do documento “Família e demografia” para a pastoral familiar são de fundamental importância e continuam plenamente atuais.
Destaco duas: Primeira: as famílias precisam ser “comunidades de fé, de oração, de amor e de ação evangelizadora”. Segunda: as famílias precisam ter “uma generosa abertura para as outras famílias, inclusive de concepções cristãs diferentes; e sobretudo (reparem!) para as famílias marginalizadas ou em processo de desintegração; para a sociedade, para o mundo e para a vida da Igreja”.
A pastoral familiar deve colaborar na formação de famílias cristãs profundamente humanas, sensíveis aos desafios do mundo de hoje, que saibam escutar os sinais dos tempos e interpretá-los à luz do Evangelho e, por fim, que sejam verdadeiras “Igrejas domésticas em saída”, em missão.
A pastoral familiar não pode criar clubinhos de amigos e amigas, fechados sobre si mesmos, com mentalidade elitista e preocupados somente com seus próprios interesses (mesmo que sejam espirituais) ou, no máximo, com os interesses de sua Paróquia. Se fizer isso, estará incentivando o “egoísmo familiar” ou “paroquial”.
E a nossa pastoral familiar? Como está sendo? Quais são seus principais objetivos? Meditemos!
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Medellín em gotas 19ª - Pastoral familiar - Instituto Humanitas Unisinos - IHU