O que eu aprendi no Sínodo sobre os jovens

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31 Outubro 2018

Foram três semanas de muito aprendizado em Roma, fazendo a cobertura do Sínodo sobre os jovens. Aqui estão algumas das lições.

O depoimento é de Francis DeBernardo, publicado por New Ways Ministry, 30-10-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.

Diversidade global

Vivemos em uma igreja global. Ter ouvido perspectivas de bispos e jovens em culturas e nações muito diferentes da minha amplia os horizontes e fez com que eu apreciasse a maravilhosa diversidade de Deus e o bem que a Igreja pode fazer no mundo todo.

Diversidade global, novamente

Na verdade, aprendi a primeira lição três anos atrás no sínodo sobre a família, mas esqueci e tive que reaprender. Não, minha memória não está se deteriorando (pelo menos espero que não!). Esqueci porque ao retornar para os EUA, é muito fácil voltar para a bolha e pensar que a minha realidade é a única. Então, essa foi outra lição que aprendi no sínodo: a importância de ouvir outras perspectivas. Impede que as pessoas fiquem fechadas demais.

Papel essencial da sexualidade

Também percebi a importância da sexualidade na vida de um jeito novo. Nos primeiros dias do sínodo, quando Robert Shine, meu colega do Bondings 2.0, estava aqui em Roma cobrindo o evento, ele encontrou o arcebispo da Austrália Anthony Fisher na rua e parou para conversar um pouco. Fisher não tinha uma visão positiva sobre questões LGBT, então os dois não viam o tema da mesma forma. Mas Fisher disse algo que ficou na minha cabeça durante o Sínodo. Ele tentou argumentar dizendo que em certas partes do mundo alguns jovens tinham questões mais importantes do que a sexualidade para lidar, como a próxima refeição.

Embora a fome seja uma realidade trágica e verdadeira, não é bom para os líderes da Igreja comparar a sexualidade com esse problema. O alimento é importante, mas a sexualidade também — principalmente quando a entendemos num sentido amplo. Apesar de o alimento ser essencial para nutrir o corpo, a relação é essencial para a alma. E não é um jogo de soma zero. Ambas as questões podem ser discutidas.

Um problema com o modo como alguns bispos pensam a sexualidade

Talvez Fisher estivesse pensando apenas em termos de relações físicas. Se estava, esse ponto de vista é problemático. Mas não é surpreendente. Várias vezes durante o sínodo, percebi que quando os bispos falavam de sexualidade pareciam querer dizer relações físicas, não interpessoais ou emocionais. Enquanto seus líderes continuarem considerando a sexualidade majoritariamente como atividade física, a Igreja nunca será capaz de desenvolver sua moralidade sexual.

Papa Francisco: mestre estrategista?

Descobri que o Papa Francisco é um estrategista ainda melhor do eu pensava. Não, ele não está tratando de questões de moralidade sexual diretamente, mas está mudando os processos de discussão. Está permitindo que outras vozes sejam ouvidas. Está permitindo que haja discordância. E instituindo regras sobre o processo do sínodo que exijam uma consulta aos leigos antes de qualquer sínodo no futuro é uma inovação importante. Seu impulso para alcançar a sinodalidade em todos os níveis da Igreja — nacional, diocesano, paroquial — é um movimento revolucionário para torná-la mais consultiva, se não democrática.

Mais do que um Sínodo sobre a juventude

Vejo que o sínodo foi convocado não apenas para discutir o ministério para os jovens, mas para permitir que suas vozes estivessem presentes e fossem ouvidas. É um grande começo. De certa forma, não foi um Sínodo sobre os jovens nos dias atuais, foi sobre onde a Igreja deve estar no futuro.

Como éramos e como somos agora

Por fim, uma das maiores lições que aprendi é o quanto nós avançamos. Há 25 anos, quando me envolvi com esse ministério, nunca imaginei que o Vaticano patrocinaria um evento com uma discussão aberta sobre questões LGBT um dia. Nunca imaginei que se ouviria os que pedem por uma mudança na doutrina da Igreja em um Sínodo dos Bispos. Nunca imaginei que um documento do Vaticano diria que a Igreja precisa avaliar melhor a doutrina sobre sexualidade, que as paróquias que acolhem pessoas LGBT são necessárias na igreja e que o ministério para pessoas LGBT deve envolver principalmente acolhimento e acompanhamento, não a repetição da doutrina. E nunca imaginei que o Vaticano me aprovaria para testemunhar e relatar esses acontecimentos.

O Sínodo deu alguns passos. Quando olhamos esses passos em relação a quão longe chegamos, podemos dizer que são grandes e muito importantes.

Arrividerci, Roma!

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