Por: Wagner Fernandes de Azevedo | 22 Junho 2018
Convocado pelos bispos de todo país e pela Aliança Cívica pela Paz e Justiça, nicaraguenses saíram às ruas de Masaya clamar pela paz e o fim do governo de Daniel Ortega. Aos gritos de “viva a Igreja, viva a Nicarágua livre”, milhares confrontaram a violência do governo, escancarada no país há dois meses. Na terça-feira, 19-6, em Masaya, polícias enfrentaram manifestantes causando 6 mortes e 35 feridos.
"Todos los Obispos de Nicaragua sentimos el dolor. Hoy vamos a Masaya, nos acompaña el Señor Nuncio Apostolico, y Su Secretario, Mons. Silvio y unos 30 Sacerdotes, se dirigen a Masaya, Vamos a esa misión y los invito a orar junto a Jesús Sacramentado"
— Conferencia Episcopal de Nicaragua (@CENicaragua) 21 de junho de 2018
Os bispos da Nicarágua se deslocaram até Masaya na tarde de quinta-feira, 21-6, para mobilizar a população contra o regime orteguista e a violência do estado. Silvio José Baez, bispo auxiliar de Manágua, clamou por orações ao episcopado que viajou “para impedir outro massacre e se juntar ao povo”. O novo núncio apostólico Stanislaw Waldemar Sommertag, que chegou ao país nesta semana, também esteve presente.
O ato mobilizou milhares de pessoas nas ruas de Masaya durante a tarde. O jornal La Prensa noticiou que a população saiu às ruas somente com a chegada dos bispos. Vídeos divulgados nas redes sociais mostram a população formando cordão humano em torno dos clérigos.
Momentos depois de iniciada a manifestação, paramilitares e polícias incendiaram uma empresa de grãos na cidade. Os manifestantes gravaram vídeos e alertaram para a presença de trabalhadores na fábrica. A manifestação prontamente dirigiu-se ao local.
A Igreja tem assumido a frente das negociações com o governo de Daniel Ortega para que cessem os ataques e sejam antecipadas as eleições. Membros do clero estão sendo ameaçados e um ataque aconteceu à Universidade Centro-Americana da Nicarágua — UCA, que pertence à Companhia de Jesus. As aulas na universidade estão interrompidas desde o dia 2 de junho devido a situação de insegurança. Os prédios da universidade tornaram-se abrigo para os perseguidos pelo governo.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos esteve no país entre os dias 21 e 24 de maio recolhendo denúncias que apontem as violações de direitos humanos pelo governo. Nesta sexta, 22-6, será apresentado o relatório final ao Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos. Dom Baez anunciou que será retomada a mesa de negociações a partir do informe da OEA.
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Nicarágua. Igreja enfrenta Ortega e mobiliza população para ato em Masaya - Instituto Humanitas Unisinos - IHU