Nicarágua. Igreja propõe a Ortega antecipar eleições para março de 2019

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17 Junho 2018

O governo e a oposição na Nicarágua esperam continuar o diálogo neste sábado para avançar na discussão sobre a democratização do país, após chegar a um acordo para convidar organismos internacionais a investigar a deterioração da situação dos direitos humanos.

A reportagem é publicada por Religión Digital, 16-06-2018. A tradução é de André Langer.

No diálogo mediado pela Igreja Católica em Manágua, as partes decidiram, em comum acordo, às vésperas, convidar a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos e a União Europeia para observar a situação de violência e repressão que deixou 170 mortos em quase dois meses de protestos.

Também decidiram criar uma comissão que analisará como levantar os bloqueios que os manifestantes instalaram nas principais rodovias do país para pressionar o governo de Daniel Ortega a deixar o poder.

“Neste sábado, dia 16, começa a discussão sobre o caminho da democratização”, escreveu no Twitter o bispo auxiliar de Manágua, Silvio Báez, participante do diálogo.

Entre as propostas de democratização formuladas pelos bispos está a de antecipar as eleições de 2021 para março de 2019.

O plano abarca trabalhar na separação dos quatro Poderes do Estado, atualmente controlados pelos aliados de Ortega, principalmente o Supremo Conselho Eleitoral.

Os bispos propõem que as reformas constitucionais requeridas para antecipar as eleições entrem em vigor este ano e que nelas também se elimine a reeleição presidencial, para impedir uma nova candidatura de Ortega, que está no poder desde 2007.

“Reiteramos, como expressamos em todos os momentos, nossa total disposição para ouvir todas as propostas e iniciativas dentro de um marco constitucional”, disse, por sua vez, o presidente.

A sessão de diálogo, na sexta-feira, durou 12 horas e o acordo foi surpreendente, porquanto na sessão inicial do dia anterior a delegação oficial havia se recusado a convidar os organismos internacionais de direitos humanos.

Enquanto isso, em plena mesa de diálogo, na sexta-feira, o bispo polonês Stanislaw Waldemar Sommertag foi apresentado como novo núncio do Vaticano na Nicarágua.

“O senhor Waldemar, que veio à noite, já se integra. Queremos dar-lhe as boas-vindas e recebê-lo com um aplauso em meio à dor”, disse o cardeal e presidente da Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN), Leopoldo Brenes, na mesa de diálogo.

O núncio, que se sentou à direita do cardeal nicaraguense, fez uma saudação, mas não interveio no diálogo.

O bispo polonês foi nomeado núncio apostólico na Nicarágua pelo Papa Francisco em fevereiro passado.

Quando o polonês de 50 anos foi delegado para representar o Vaticano na Nicarágua, o país centro-americano era exemplo de segurança e desenvolvimento econômico na região. No entanto, o contexto mudou drasticamente no dia 18 de abril passado.

O núncio é licenciado em Direito Canônico e atua no serviço diplomático do Vaticano desde 2000.

A Nicarágua já se encontra há quase dois meses na crise sociopolítica mais sangrenta desde os anos 80, com cerca de 170 mortos.

Os protestos contra Ortega e sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo, começaram em 18 de abril passado. Na origem está a fracassada tentativa der reforma na seguridade social e tornou-se uma exigência de renúncia, após 11 anos no poder, com acusações de abusos e corrupção.

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