Francisco: “A civilização precisa de energia, mas o uso da energia não deve destruir a civilização”

Foto: Vatican Media

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11 Junho 2018

Ele quer conscientizar, buscar aliados, para regenerar o capitalismo, se isso é possível, e que deixe de descartar e matar. E para salvar os pobres, o Papa Francisco é capaz de se aliar aos dirigentes máximos de algumas das mais importantes multinacionais de petróleo e do gás. Para convencê-los da necessidade de realizar a transição energética e exortá-los a fazer com que a “sede” de energia “não anule a civilização”.

A reportagem é publicada por Religión Digital, 09-06-2018. A tradução é de André Langer.

“Convido vocês para serem o núcleo de um grupo de líderes que imagina a transição energética global de maneira que leve em conta todos os povos da terra, bem como as futuras gerações, todas as espécies e os ecossistemas”, disse Francisco perante líderes de companhias como BP, ExxonMobil ou Eni, que se reuniram ontem e hoje no Vaticano.

O Pontífice constatou que há um desafio para garantir a enorme quantidade de energia necessária para todos, mas pediu “modalidades de exploração dos recursos que evitem desequilíbrios ambientais ou que causem um processo de degradação e poluição, a partir do qual toda a Humanidade hoje e amanhã seria gravemente ferida”.

“A civilização requer energia, mas o uso da energia não pode destruir a civilização”, clamou.

Ele ressaltou o falso pressuposto de que “existe uma quantidade ilimitada de energia e que a manipulação da Natureza pode ser facilmente absorvida”, como já tinha escrito em sua encíclica Laudato Si’.

E ele pediu “uma estratégia global de longo prazo, que ofereça segurança energética que favoreça a estabilidade econômica, protegendo a saúde do meio ambiente e promova o desenvolvimento humano, estabelecendo compromissos precisos para enfrentar o problema da mudança climática”.

Francisco insistiu para que prossigam “na direção de uma transição que aumente o comprometimento com energias com alta eficiência e baixa poluição” e na direção do “desenvolvimento de energias renováveis”.

Caso contrário, advertiu, “acabaremos em uma espiral cada vez mais grave de mudanças climáticas, com o temível aumento das temperaturas do globo, condições ambientais adversas e aumento dos níveis de pobreza”.

Lamentou o fato de que as intenções assinadas no Tratado de Paris de 2015 não tenham sido respeitadas e disse que estava preocupado “com a contínua exploração para extrair combustíveis fósseis, mesmo que claramente não seja aconselhado”.

Entre os líderes que ouviram o chamamento estavam conselheiros delegados de fundos financeiros, como Larry Fink, da BlackRock, ou Yngve Slyngstad, do Norwegian Investment Bank, e de multinacionais da energia, como a BP, Bob Dudley; Equinor, Eldar Saetre; L1 Energy, John Browne; Eni, Claudio Scalzi ou da ExxonMobil, Darren Woods.

A eles, o Pontífice disse que “tanto as decisões políticas como a responsabilidade social das empresas devem evitar oportunismos e cinismos, a fim de obter resultados parciais em um curto período capazes de evitar no futuro altos custos e danos significativos”.

“A contínua necessidade de crescimento econômico comportou sérias consequências ecológicas e sociais, já que o nosso atual sistema econômico sempre se desenvolve com base no aumento das extrações, do consumo e do desperdício”, recordou.

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