Por: Jonas | 29 Setembro 2014
As relações entre a hierarquia católica e a comunidade científica passaram momentos de dificuldades e enfrentamentos ao longo da história. Agora, a figura do Papa Francisco parece ter reconciliado posturas, pelo menos no que diz respeito a alguns dos problemas fundamentais que afetam o meio ambiente. O indicador mais evidente desta nova etapa foi a publicação, no último dia 19 de setembro, na revista Science – editada pela Associação Americana para o Avanço da Ciência – de um artigo editorial e um artigo assinado por cientistas nos quais, respectivamente, elogia-se abertamente o papel do Pontífice na defesa da natureza e se destaca a importância dos líderes religiosos – neste caso, da Igreja católica – na conscientização cidadã sobre problemas como a pobreza, o consumo e a degradação ambiental.
A reportagem é de Joaquim Elcacho, publicada por La Vanguardia, 25-09-2014. A tradução é do Cepat.
“A guerra contra a degradação do meio ambiente tem um novo e poderoso aliado: o Papa Francisco”, afirma textualmente o editorial de Science assinado por Marcia McNutt, geofísica e editora nesta prestigiosa revista. O editorial, intitulado “O Papa aborda a sustentabilidade”, recorda a realização no último mês de maio de uma reunião de estudo e debate, organizado conjuntamente pela Academia Pontifícia das Ciências e a Academia Pontifícia das Ciências Sociais na Sustentabilidade, na qual foram aprovadas “algumas de suas declarações ambientais mais fortes até a data, chamando a todos para assumir a responsabilidade pessoal e reconduzir nossa relação com a natureza para garantir a habitabilidade e sustentabilidade deste planeta”.
Marcia McNutt explica que os problemas que motivam a tomada de posição por parte do Vaticano “não são diferentes dos que se referem à comunidade científica: o esgotamento de recursos não renováveis, a perda de serviços dos ecossistemas, e os riscos de mudança climática”. O editorial destaca que além de assumir a importância destes problemas do ponto de vista científico, o Vaticano contribui à adoção de medidas, recordando que “é nossa responsabilidade moral deixar um planeta habitável às gerações futuras”.
Uma liderança moral que se deve aproveitar
Em um artigo de opinião, no mesmo número de Science, os professores Partha Dasgupta (Universidade de Cambridge, Reino Unido) e Veerabhadran Ramanathan (Universidade da Califórnia, em San Diego, Estados Unidos) destacam que a liderança moral de hierarquias eclesiásticas, como a católica, pode ter um papel fundamental na solução de graves problemas da sociedade moderna, como a pobreza, o consumo e o meio ambiente.
“O auge da economia de mercado e a busca de um crescimento nos benefícios e Produto Interno Bruto (PIB) fomentaram um comportamento que está em contradição com a busca do bem comum”, afirmam estes autores.
“Encontrar maneiras de desenvolver uma relação sustentável com a natureza requer não apenas a participação de cientistas e líderes políticos, mas também a liderança moral que as instituições religiosas estão em condições de oferecer”, apontam Partha Dasgupta e Veerabhadran Ramanathan.
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‘Science’ elogia o Papa Francisco por sua clara defesa do meio ambiente - Instituto Humanitas Unisinos - IHU