08 Fevereiro 2018
Enquanto os especialistas católicos podem se debater sobre questões políticas e teológicas complicadas, como o significado preciso da Amoris laetitia, o documento do papa sobre a família, ou sobre a abordagem apropriada às relações com a China, na base, tais questões são muitas vezes vistas como abstratas e de pouca importância imediata. Em vez disso, poucas queixas são mais crônicas do que a pouca qualidade da pregação católica, especialmente na homilia do padre na missa dominical.
A reportagem é de John L. Allen Jr., publicada no sítio Crux, 07-02-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Para todos aqueles que vão à missa e que se sentem tentados a expressar tais frustrações, o Papa Francisco enviou uma mensagem simples nessa quarta-feira: tudo bem, algumas homilias podem até perder o alvo, mas o que você está fazendo a respeito disso?
“Aqueles que escutam também devem fazer a sua parte”, disse o pontífice durante a Audiência Geral da quarta-feira.
Aqueles que vão à missa, segundo o papa, devem abordar a homilia “prestando a devida atenção, isto é, assumindo as justas disposições interiores, sem pretensões subjetivas, sabendo que cada pregador tem méritos e limites”.
“Se, às vezes, há motivo para se aborrecer com uma homilia longa, ou não centrada, ou incompreensível, outras vezes, em vez disso, é o preconceito [do ouvinte] que serve de obstáculo”, disse o papa.
A homilia, há muito tempo, tem sido uma questão de preocupação pastoral para Francisco, que fez questão de fazer uma homilia improvisada todas as manhãs durante a missa diária na Domus Santa Marta, a residência vaticana, onde ele mora.
Francisco dedicou uma grande seção da sua exortação apostólica de 2013 Evangelii gaudium – muitas vezes descrita como a “Magna Carta” do seu papado – à homilia.
“A homilia não é um discurso casual, nem uma conferência, nem uma lição, mas sim ‘retomar aquele diálogo que já está aberto entre o Senhor e seu povo’”, disse o papa, citando seu próprio documento.
Em um acréscimo extemporâneo, Francisco ofereceu alguns conselhos práticos para os homilistas.
“Quem faz a homilia deve estar consciente de que não está fazendo uma coisa própria”, disse o papa. “Está pregando, dando voz a Jesus, está pregando a Palavra de Jesus. E a homilia deve ser bem preparada, deve ser breve, breve!”
Sobre a questão da brevidade, Francisco contou uma história.
“Um sacerdote me dizia que, uma vez, tinha ido a outra cidade, onde seus pais moravam. E seu pai lhe dissera: ‘Sabe, estou contente, porque eu e meus amigos encontramos uma igreja onde fazem a missa sem homilia!’ E quantas vezes nós vimos que, na homilia, alguns adormecem, outros conversam ou saem para fumar um cigarro?”
Quando as pessoas riram da imagem, Francisco disse: “É verdade, todos vocês sabem... é verdade!”.
Concluindo essa linha de reflexão, Francisco disse: “Por isso, por favor, que a homilia seja breve... não deve ir além dos 10 minutos, por favor!”.
O pontífice continuou sua série de reflexões em suas Audiências Gerais sobre a Eucaristia, concentrando-se mais recentemente na Liturgia da Palavra durante a missa dominical.
Essa foi a quinta Audiência Geral de 2018 para Francisco, e, de acordo com a Gendarmeria vaticana, contou com a participação de cerca de 8 mil pessoas.
No fim da audiência, Francisco ofereceu palavras de encorajamento para o Dia Mundial de Oração contra o Tráfico de Pessoas, nesta quinta-feira, 8, festa de Santa Josefina Bakhita, e também para as Olimpíadas de Inverno, que começam na sexta-feira, em PyeongChang, Coreia do Sul.
Naquela que se tornou uma característica padrão das audiências de Francisco, o papa mais uma vez foi homenageado com um breve espetáculo de artistas de circo, incluindo malabaristas e contorcionistas, exibindo-se com figurinos coloridos.
Neste caso, os artistas eram de dois circos chamados Medrano e Rony Rollert Circus.
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Papa sobre as homilias: ''Não mais do que 10 minutos, por favor!'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU