16 Novembro 2017
Um ano e meio após o lançamento de Amoris Laetitia, os bispos dos Estados Unidos optaram por criar um documento e plano pastoral sobre o matrimônio e a vida familiar à luz da exortação apostólica do Papa Francisco que se seguiu aos Sínodos dos bispos sobre a Família em 2014 e 2015.
A reportagem é de Heidi Schlumpf, publicada por National Catholic Reporter, 14-11-2017. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Mas alguns bispos disseram que esperam evitar focar nas partes controversas de Amoris Laetitia e, em vez disso, aproveitar o 50º aniversário de Humanae Vitae, a encíclica papal de 1968 que afirmou o ensinamento da Igreja que se opõe à contracepção artificial.
O plano pastoral dos bispos — programado para estar pronto em novembro de 2019 — proporia "um plano pastoral, não o plano pastoral", disse o Bispo Richard Malone, de Buffalo, membro do Committee on Laity, Marriage, Family Life and Youth (Comissão sobre laicidade, matrimônio, vida em família e juventude), que apresentou a proposta à Conferência dos Bispos Católicos dos EUA em 14 de novembro, na reunião de outono em Baltimore.
Malone, entrando na liderança da comissão no lugar do Arcebispo da Filadélfia Charles Chaput, que não pôde comparecer à reunião, disse que a declaração e o plano de pastoral dos bispos poderiam fornecer "contornos e considerações amplos" à luz de Amoris Laetitia, "não tentar abordar todas as áreas do ministério pastoral detalhadamente".
No entanto, na reunião dos bispos do outono do ano passado, Amoris Laetitia praticamente não foi mencionada, muito menos colocada em pauta. Quando perguntado, no ano passado, se alguma forma de implementação do documento estava sendo planejada, o Cardeal Daniel DiNardo, de Galveston-Houston, presidente da Conferência dos Bispos dos EUA, respondeu: "Acho que não."
Este ano, a discussão dos bispos atingiu um tom tradicionalista, bem diferente do tom em um recente evento na Boston College, no qual teólogos e bispos discutiram juntos formas de implementar Amoris Laetitia. Na reunião de 14 de novembro, os bispos levantaram questões de preparação para o matrimônio, casamento entre pessoas do mesmo sexo e contracepção, a serem incluídas no documento e no plano pastoral.
Mais de um bispo mencionou o aniversário de Humanae Vitae, como o arcebispo Salvatore Cordileone, de San Francisco, que também é presidente da Subcomissão Episcopal para a Promoção e Defesa do Matrimônio.
"Sabemos como manter as famílias unidas", disse Cordileone, observando que os casais que seguem o ensinamento da Igreja sobre "paternidade responsável" têm uma taxa de divórcio de menos de dois por cento.
O bispo Joseph Strickland, da Diocese de Tyler, Texas, também ligou Humanae Vitae e Amoris Laetitia, dizendo que ambos os documentos têm sido "distorcidos pela mídia”, mas contêm uma "verdade bela".
Strickland também disse que os evangélicos protestantes na sua diocese estão procurando a Igreja Católica em busca de alternativas para a "mentalidade contraceptiva".
"É essencial que façamos uma declaração clara sobre o matrimônio e a família", declarou.
O Bispo Robert Conlon, de Joliet, Illinois, concordou, observando que os católicos hoje "vivem em uma cultura em que o casamento atual é basicamente o que as pessoas querem que seja", disse.
Os bispos precisam de um plano de pastoral prático para neutralizar tais influências culturais, disse Conlon, citando como exemplo um casal que o visitou recentemente e que sentia que o casamento, "digamos assim", da filha com outra mulher era "perfeitamente legítimo".
Vários prelados pediram maior enriquecimento no matrimônio para casais como parte do esforço dos bispos, como o bispo Joseph Naumann, de Kansas City, Kansas, que também mencionou a necessidade de lembrar "aqueles que são vítimas do divórcio, principalmente filhos adultos”, disse.
"Temos que ser sensíveis àqueles que foram feridos de alguma forma", disse Naumann.
Respondendo às perguntas sobre a preparação do matrimônio, o bispo auxiliar Eusebio Elizondo, de Seattle, observou que isso tem sido feito no programa do Worldwide Marriage Encounter há 25 anos e tem usado Amoris Laetitia com os casais desde seu lançamento.
O documento, segundo ele, foi "maravilhosamente recebido", especialmente pela comunidade imigrante.
Mas o bispo auxiliar Robert Baron, de Los Angeles, achou uma "tragédia o fato de a recepção deste documento ter sido tão fraca", disse, observando que ao pesquisar sobre Amoris Laetitiana internet encontra-se discussão principalmente sobre a controversa nota de rodapé que trata da comunhão para católicos divorciados e que se casaram novamente.
Infelizmente, a ênfase nessa questão tem levado "a desconsideração do documento extraordinariamente rico que é", afirmou.
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Discussão dos bispos de documento sobre matrimônio e plano pastoral atinge tom tradicionalista. 'Amoris Laetitia' ligada à 'Humanae Vitae' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU