Dall'Oglio, quatro anos depois: “Ele encarnava o desafio da fraternidade”. Um depoimento em vídeo

Padre Paolo | Foto: Vatican Insider

Mais Lidos

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

28 Julho 2017

Riccardo Cristiano, jornalista e fundador da Associação de Jornalistas Amigos do Padre Dall’Oglio, evidencia: “Sabemos que a presença do padre jesuíta Paolo Dall'Oglio na Síria, para onde ele voltara clandestinamente depois da expulsão decretada em 2012 pelo regime de Bashar al-Assad, era um desafio, insuportável. Um desafio para todos aqueles poderes baseados na barbárie e que pretendem fazer da Síria um autodenominado Estado confessional ou familiar. E ele, Paolo, sabia disso. Ele sabia que encarnava um desafio ao entrar em um conflito em que os medos legitimam a repressão, que cria o extremismo, que justifica os medos. E, como ele acreditava na amizade, na fraternidade islamo-cristã, ele queria desafiar esse conflito que usava a usa as religiões contra o outro”.
 
A reportagem é de Gelsomino Del Guercio, publicada por Aleteia Italia, 27-07-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Paolo, continua o jornalista, foi, até aquele dia, “a voz narradora com mais autoridade de uma história que devia permanecer desconhecida, removida; a história de uma revolução não violenta em terra árabe, em terra islâmica. E a conjugação de não violência, mundo árabe e Islã é a mais importante para o futuro. Paolo foi, e seria, a voz narradora mais forte dessa história que devia ser apagada, negada”.

A história que ele trouxe à tona, por exemplo, por meio de Ghiyat e Caroline. “Em março de 2011 - escrevera Paolo - Ghiyat Matar ia oferecer água fresca para os soldados e lhes entregar flores. Ele foi torturado e morto. Uma jovem, Caroline Ayoub, tinha ido para distribuir ovos de chocolate de Páscoa para os filhos dos refugiados com um versículo do Alcorão e palavras do Evangelho. Foi presa e torturada. As pessoas eram torturadas porque o governo não podia conceber, muito menos aceitar, a não violência.”

Cristiano acrescenta: “Até hoje, o fato é que não temos ideia do que realmente aconteceu naquela noite. Um sequestro do Isis? Uma amiga de Paolo também se manifestava todos os dias em Raqqa contra o Estado Islâmico e não foi sequestrada. Por que Paolo sim? E, além disso, hoje, não há reivindicações. Então, o objetivo pode ser de extorsão ou de intimidação. Em suma, há muitos pontos obscuros”.

A sombra das especulações

A esperança de que o Pe. Dall’Oglio ainda esteja vivo “não é não querer fazer as contas com a realidade – especifica o jornalista –, mas é porque assumimos cenários com aproximação. Tudo o que vazou até aqui é em sentido oficioso, muitas vezes fruto de especulações, de quem quer despistar para atribuir responsabilidades”.

“Sinais de que ele temia um sequestro? Ele nunca me disse nada. A única coisa que eu tenho certeza é de que ele tinha plena consciência dos perigos – afirma Cristiano –, mas de que ele se sentisse vigiado ou perseguido, isso não.”

Leia mais