22 Dezembro 2016
Certamente não tinha um ar de revolucionário, Paolo Prodi, desaparecido com a idade de 84 anos. Contudo, aquele empenhado professor italiano de História moderna, católico dossetiano, havia posto o título de Il tramonto dela rivoluzione (da revolução, il Mulino, 2015) um dos seus últimos livros, no qual ele se mostrava bastante preocupado com o destino da nossa civilização liberal-democrática.
A reportagem é de Antônio Carioti, publicada por Corriere dela Sera, 17-12-2016. A tradução é de Luisa Rabolini.
A energia propulsora do Ocidente, segundo Paolo Prodi, havia britado das lutas entre papado e império do XI século, que haviam um dualismo entre autoridade civil e religiosa destinado a der início a uma “revolução permanente”, um longo caminho à procura de novas instituições mais adequadas às exigências dos homens. Assim havia proliferado a profecia religiosa que depois foi se secularizando na utopia. Portanto, o poder real precisou entrar em acordo com os súditos pois havia se afirmado o princípio da soberania popular.
Paolo Prodi temia, contudo, que esse processo tivesse se estacionado. Como ex presidente da Junta histórica nacional, preocupava-o principalmente a perda da consciência em relação ao cultural da nossa civilização que lhe parecia subjugada pelo domínio da técnica. “Apaga-se o passado porque não se vê o futuro”, “Talvez se deseje substituir a história com a ficção”, acrescentava.
Nascido em 1932, em Scandiano, na província de Reggio Emilia, irmão do ex presidente do Conselho Romano Prodi, diplomou-se em Milão, na Universidade Católica e aprofundou seus estudos na Alemanha. Aluno do grande historiador alemão Hubert Jedin, tinha continuado sua obra de aprofundamento sobre o Conselho de Trento (1545-1563). Como o seu mestre, estava convencido que fosse equivocado falar de Contrareforma: na sua opinião ocorria afirmar o conceito de Reforma católica para expressar toda a riqueza de um processo que tinha ido bem além da reação ao desafio epocal de Martin Lutero.
Apaixonado pela política, autor de um catolicismo social inspirado nas ideias de Giuseppe Dossetti, em 1992 foi eleito deputado nas listas do movimento La Rete, fundado por Leoluca Orlando, com quem contudo logo entrou em discordância. No recente referendo sobre a reforma constitucional, a diferença do irmão Romano, ele havia tomado a posição pelo Não.
Entre os fundadores da associação cultural “Il Mulino”, Paolo Prodi era um dos participantes mais ativos da editora, pela qual havia publicado grande parte de seus livros, entre os quais Il sovrano pontífice (O soberano pontífice, 1982), il sacramento del potere (O sacramento do poder, 1992), Settimo non rubare (Sétimo não roubarás, 2009). Docente na Universidade de Trento, da qual foi reitor de 1972 a 1977, também havia sido diretor na mesma cidade do Instituto histórico ítalo-alemão do qual havia sido fundador junto com Jedin.
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Morreu Paolo Prodi, historiador que estudou o Concílio de Trento - Instituto Humanitas Unisinos - IHU