Bispo Ximenes Belo reconhece "altos e baixos" de Timor-Leste nos últimos 20 anos

Imagem: Etereuti/Pixabay

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12 Outubro 2016

O bispo católico timorense Ximenes Belo reconheceu que, desde que recebeu o Prémio Nobel da Paz, juntamente com José Ramos-Horta, faz 20 anos na terça-feira, Timor-Leste viveu "altos e baixos".

A reportagem é publicada por Agência de Notícias de Portugal - Lusa, 10-10-2016.

Em declarações à Lusa, via telefone, a partir do Porto, onde vive, Ximenes Belo considerou que é preciso "aprofundar mais o conceito de desenvolvimento" e avaliar "os resultados da independência e da autêntica paz" em Timor-Leste.

Passadas duas décadas da atribuição do Nobel da Paz aos dois porta-vozes da resistência de Timor-Leste -- quando ainda faltavam seis anos para a efetiva independência do país ocupado pela Indonésia --, "não foi" [tudo um mar de rosas]", reconheceu o bispo.

"Ainda há conflitos, [...] ideológicos e entre as pessoas, sobretudo a nível da justiça" e é preciso melhorar o desenvolvimento, a "distribuição equitativa" e o "respeito pelos bens do país", considerou.

"Se há corrupção, se há desvios, naturalmente não podemos ter paz autêntica", sustentou o bispo, que recebeu o Nobel da Paz a 11 de outubro de 1996, vincando que Timor-Leste tem de "fazer o seu caminho, desenvolver-se" e "trabalhar, arregaçar as mangas, para desenvolver o país".

Por outro lado, a comunidade internacional "tem apoiado" Timor-Leste, "mas apoia mais quando há problemas, conflitos", lamentou o bispo. "Quando não há conflitos, parece que está tudo calado. É preciso ajudar tanto nos conflitos, como nos momentos da paz", defendeu.

Nesse contexto, Ximenes Belo congratulou-se com a provável eleição de António Guterres para secretário-geral das Nações Unidas -- que deverá ser confirmada pela Assembleia Geral na quinta-feira --, recordando-o como o governante português que "deu um pontapé forte para resolver o problema de Timor-Leste".

O bispo timorense acredita que Guterres fará "melhor serviço às pessoas", até porque "conhece os problemas por dentro", dada a experiência à frente do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

Ximenes Belo espera que Guterres se dedique a "resolver os problemas dos refugiados e, ao mesmo tempo, trabalhar pela paz e pela concórdia internacionais".

Sem entrar em apreciações da atual imagem do Vaticano, Ximenes Belo reconheceu que Francisco é "um papa próximo das pessoas", mas considerou que isso não chega.

"Cada papa tem a sua missão, tem a sua característica. A Igreja continua a andar para a frente com o papa A ou com o papa B. A igreja adapta-se, agora, depende de todos os cristãos do mundo inteiro, não é só do papa", sublinhou.

Timor-Leste está a assinalar com vários eventos o 20.º aniversário da atribuição do Prémio Nobel da Paz a José Ramos-Horta e Ximenes Belo, mas o bispo não viajou até ao país, por questões de saúde.

Ximenes Belo resignou à diocese de Díli, capital timorense, em 2002, instalando-se numa casa da congregação dos Salesianos, no Porto, onde ainda vive. Aos 68 anos, tem-se dedicado à investigação e à escrita. Dentro de dias, vai lançar um livro sobre Carlos da Rocha Pereira, sacerdote açoriano que viveu em Timor-Leste durante 50 anos.

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