09 Dezembro 2014
Que sentido teria um Sínodo sobre a família se as próprias famílias não fossem protagonistas em primeira pessoa? Uma pergunta à qual o Papa Francisco decidiu responder de modo tão coerente quanto inesperado. Ele o fez há um ano, quando, a pouco mais de um mês desde a convocação do ‘duplo’ Sínodo, decidiu difundir um questionário com oito grupos de perguntas (quarenta no total) para conhecer a partir da ‘base’ da realidade familiar problemas, situações, opiniões e esperanças.
A reportagem é de Luciano Moia, publicada por Avvenire, 04-12-2014. A tradução é de Benno Dischinger.
O Instrumentum laboris, o documento base para a discussão dos padres sinodais, foi preparado segundo as indicações emersas daquelas dezenas de milhares de respostas chegadas de todas as partes do mundo.
Para a segunda parte da grande assembléia familiar, que chegará depois ao Sínodo ordinário de outubro de 2015, Francisco – surpreendo a todos uma vez mais – escolheu há alguns dias o mesmo esquema. Serão as próprias famílias a sugerirem avaliações e aprofundamentos graças a um segundo ‘questionário’ que em breve será difundido a todas as famílias dos cinco continentes. Esta plataforma para as perguntas será representada pelo Relatório final do Sínodo extraordinário, concluído no passado dia 19 de outubro. Mas, precisamente para apressar o afluxo dos pareceres, os tradicionais lineamentos serão transformados numa série de perguntas. E também desta vez é uma novidade absoluta na história das assembléias sinodais.
O anúncio foi dado pelo secretário geral do Sínodo, o cardeal Lorenzo Baldisseri, que no domingo passado celebrou em Assis a Missa conclusiva da convenção organizada pelo Ofício nacional CEI para a pastoral familiar. Ante quase 600 delegados representando 102 dioceses, o purpurado contou que foi o próprio Papa que tomou esta decisão no decurso do último Conselho de secretaria do Sínodo.
“Estamos na metade do caminho sinodal. Agora, para aviar a segunda parte – explicou Baldisseri – decidimos lançar os lineamentos sob forma de perguntas”. E este ‘questionário bis’ terá duas características. Acima de tudo solicitaremos às conferências episcopais, às dioceses, às paróquias, de que modo ocorreu a recepção do ‘Relatório final’ do Sínodo extraordinário. Ao mesmo tempo solicitaremos o aprofundamento das questões enfrentadas no debate, de todas, mas, sobretudo daquelas que precisaram ser discutidas de modo mais acurado”. Às conferências episcopais, portanto, prosseguiu o secretário geral do Sínodo, é facultado como trabalhar para este objetivo, de modo a que haja “contribuições que chegam diretamente da base”. Uma espécie de diálogo aberto com as famílias do mundo, antes de tomar decisões que, de um modo ou outro, terão consequências não transcuráveis sobre a vida das famílias, principalmente daquelas mais marcadas pelo sofrimento e pelos rompimentos. É como se o Papa consignasse aos núcleos familiares as decisões emersas na primeira parte do percurso sinodal e colocasse duas questões fundamentais: como acolhestes estas reflexões? Como podemos aprofundar estes temas? Uma escolha de humildade que mostra toda a atenção do Pontífice – havia feito notar Baldisseri na primeira parte da homilia – no acompanhar com atitude de misericórdia a vida das famílias, solicitando a elas um novo protagonismo.
Na mesma perspectiva, traçando as conclusões da convenção, se expressara dom Paolo Gentili, diretor do Ofício nacional CEI para a pastoral da família, que havia sublinhado que neste momento histórico “esteja sendo solicitada uma verdadeira e própria mudança de passo a quem se ocupa de pastoral familiar. Somente se nos abrimos à fantasia criativa da Trindade – sublinhou – poderemos escrever páginas sempre novas na ossatura das comunidades cristãs”.
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Sínodo da família 2015 – Chega o “questionário bis” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU