25 Julho 2011
"No Arsenale dell`Incontro, cristãos e muçulmanos trabalham juntos para esconjurar o choque de civilizações. Um desafio impossível que só podemos enfrentar com a confiança dos filhos de Deus". O espírito de Assis reforça a presença do Sermig [Serviço Missionário Jovens] na Jordânia, o país do Oriente Médio exemplo do diálogo islã-catolicismo.
A reportagem é de Giacomo Galeazzi, publicada no sítio Vatican Insider, 23-07-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Na cidade onde surge a primeira mesquita dedicada ao "profeta Jesus Cristo", o Arsenale della Pace de Turim prepara o terreno para o encontro inter-religioso de outubro com Bento XVI na pátria de São Francisco.
"A Fraternidade do Sermig está presente na Jordânia desde 2003, em Madaba desde 2006", conta Ernesto Olivero, fundador do Arsenale della Pace e do Serviço Missionário Jovens. "Recentemente, inauguramos o Arsenalle dell`Incontro. Chamamo-lo assim porque acreditamos que o diálogo entre cristãos e muçulmanos pode ser construído concretamente através de uma partilha de vida. Partindo das coisas mais simples e cotidianas, acreditamos que é possível aprender a nos olhar com outros olhos, a nos ouvir, a nos respeitar e a nos estimar".
O Arsenale dell’Incontro contém a profecia de um dia normal em que muçulmanos e cristãos vivem como irmãos, respeitando-se em sua diversidade, dialogando em vista de um bem comum: os filhos, especialmente os mais necessitados. "No Arsenale dell`Incontro, abrimos uma escola para uma centena de crianças e jovens deficientes cristãos e muçulmanos, com professores muçulmanos e cristãos", relata Ernesto Olivero. "Devo a João Paulo II a ligação com a Jordânia. Foi ele que me pediu para ajudar essa terra. Em 1992, encontrei pela primeira vez o rei Hussein e depois o rei Abdullah II e sua esposa, a rainha Rania, e todos me encorajaram a continuar".
Na sua viagem à Jordânia, Bento XVI passou diante do Arsenale dell`Incontro, saudado por crianças, professores, voluntários, uma multidão entusiasmada. "No dia da inauguração, havia mais de mil amigos cristãos e muçulmanos. Pela Casa Real, estava presente o príncipe Ra`ed Bin Zeid", acrescenta Olivero. "Ele trouxe a sua estima e o seu apoio e nos encorajou a continuar a nossa presença e serviço, enfatizando a importância e o valor da convivência entre cristãos e muçulmanos na histórica cidade de Madaba".
Estas são algumas das palavras extraídas do seu discurso: "No nome do Deus misericordioso, estou feliz por estar aqui com vocês. O seu exemplo é um exemplo de oferta de si para a alegria dos outros, uma encarnação do ensinamento das religiões do Livro. O seu trabalho brota da sua reta consciência que lhes permite trabalhar pela humanidade, sem distinções. Os seus esforços merecem a minha estima. A paz esteja com vocês, juntamente com a misericórdia e as bênçãos de Deus".
Comenta Olivero: "A minha resposta foi: `Eu sonho com o dia em que em todas as cidades do mundo, como em Madaba, as religiões deixarão de se olhar com os olhos de um passado de ódio e de divisão, mas se encontrarão em um presente feito de atenção aos mais fracos, como aqui às crianças e aos jovens com deficiência".
A Jordânia, em suma, é cada vez mais um lugar de encontro entre as fés. Jordaniano é o príncipe Ghazi Bin Muhammad Bin Talal, considerado no Vaticano como um dos interlocutores muçulmanos mais confiável. E também é jordaniano o imã de Madama, cidade nas portas de Amã, Jamal Al Sufrati, que decidiu intitular a sua mesquita a Jesus, Filho de Deus para os cristãos, profeta para os muçulmanos. Chama-se "A mesquita de Jesus Cristo" e é a primeira no mundo muçulmano contemporâneo a ser intitulada ao Messias dos cristãos.
"O mundo árabe está cheio de mesquitas que trazem os nomes dos profetas, exceto o de Jesus. A mesquita quer levar uma mensagem de convivência e tolerância", explica o imã, empurrando para longe o choque de civilizações.
Três meses atrás, Bento XVI havia exortado na televisão uma mulher muçulmana da Costa do Marfim a "fazer ouvir voz de Jesus, em quem a senhora também acredita como profeta". Agora, no nome de Cristo, "homem da paz", uma ponte substitui um muro. "Madaba é a nossa cidade de adoção", destaca Olivero. "O nosso Arsenale dell`Incontro é um laboratório concreto". Em vista da nova cúpula inter-religiosa de Assis.
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Cristãos e muçulmanos juntos para evitar o choque de civilizações - Instituto Humanitas Unisinos - IHU