20 Dezembro 2018
Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, às pressas, a uma cidade da Judeia. Entrou na casa de Zacarias, e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se agitou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito exclamou: «Você é bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto do seu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar? Logo que a sua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança saltou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu.»
Leitura do Evangelho de Lucas 1, 39-45 (Correspondente ao 4º Domingo de Advento, do ciclo C do Ano Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
No quarto domingo de Advento, a comunidade cristã já está próxima de celebrar o Natal. A pessoa de Maria aparece hoje com todo seu esplendor, com toda sua beleza e ternura. Depois de aceitar ser Mãe do Messias Esperado, Maria sai para visitar e ajudar sua prima Isabel que está grávida: “Aquela que era considerada estéril já faz seis meses que está grávida” (Lc 1,36b).
Ser Mãe é um sinal da benção de Deus, e Maria recebe a Promessa do Messias no seu ventre, mas também escuta a boa notícia de sua prima que já faz seis meses que está grávida.
O texto de hoje fala da visita de Maria a sua prima Isabel. Duas pessoas conhecidas e queridas, mas as duas levam no seu interior um mistério que ainda não conheciam e que as enche de alegria! Receberam o presente do Deus da vida, que as abençoou favorecendo-as com o nascimento de um filho. Isabel, mãe de João Batista que é o anunciador do Messias, e Maria, Mãe de Jesus o Salvador! Deus as bendiz com sua ternura e misericórdia.
Neste domingo meditamos o texto do primeiro encontro dessas duas mulheres grávidas. Tão logo Maria recebe a notícia da gravidez de sua prima, vai visitá-la. “Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, às pressas, a uma cidade da Judeia.” Maria parte para a região montanhosa e deve percorrer mais de cem quilômetros. Ela não duvida um instante: Isabel precisa dela e ela dirige-se ao seu encontro. Sua gravidez não é um impedimento!
Lembremos que, quando Lucas fala de Maria, pensa também nas comunidades, e através das atitudes de Maria oferece um ensino para as comunidades cristãs repartidas ao longo do vasto império Romano, nas suas cidades. Maria não fica olhando para si mesma, sozinha com a Vida Nova que cresce nela. Ela “partiu”.
Ela vai comunicar a riqueza e sua vida às pessoas conhecidas e queridas que estejam necessitando dela. Seu olhar não é autocompassivo, senão o contrário: a vida engendrada nela deve ser comunicada, e assim transforma a visita de Deus na sua vida em serviço às irmãs e aos irmãos. Além das dificuldades do caminho, que sem dúvida era extenso, não há contratempo, não há contrariedade que impossibilite ou frustre sua vontade de visitar Isabel, a qual, apesar da sua idade, tinha ficado grávida.
“Entrou na casa de Zacarias, e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se agitou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.”
Neste momento do encontro, Isabel representa o Antigo Testamento que termina e Maria, o novo Testamento que começa. Maria entra na casa de Zacarias e, nesse preciso momento, Isabel fica cheia do Espírito Santo. Para Maria não há limites! A presença da Vida que leva no seu ventre enche do Espírito todas as pessoas que ouvem seu chamado e abrem sua porta para que entre na sua morada. Isabel acolhe Maria com gratidão, sentindo-se indigna, mas alegre pela visita. E assim a novidade do Espírito Santo habita no seu interior!
“Bem-aventurada aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu.”
O elogio de Isabel a Maria é um profundo reconhecimento de sua fé e confiança no Senhor: ela acreditou que ia acontecer o que foi prometido!! E por isso é bem-aventurada. Isabel louva sua fé porque ela acreditou na Palavra criadora.
Neste último domingo de Advento, próximo ao Natal, somos convidados/as a acreditar na Palavra de Deus, mas para isso devemos reconhecê-la e acolhê-la na vida de nossas comunidades. Que a novidade do Espírito seja sempre notícia!
Preparamo-nos para celebrar o Natal e somos convidados como comunidade cristã a acreditar na Palavra de Deus como Palavra Criadora.
Como disse o Pe. Adroaldo Palaoro: “O evangelista Lucas nos apresenta uma visita inesperada: a visita daquela que não permanece fechada nem ensimesmada em seu mistério; a visita daquela que se sente impulsionada a sair de si mesma para colocar-se a serviço daquela que está necessitada de ajuda. Uma visita alegre, espontânea e gratuita, porque cheia da experiência de Deus; Maria que faz Isabel sentir a alegria de uma maternidade não esperada e Isabel que faz Maria sentir as maravilhas que Deus realizou nela. Uma visita que se expressa em dois cantos de louvor e ação de graças: “Bendita és tu que acreditaste” e “Minha alma engrandece o Senhor”. (Disponível: Visitação: o encontro com o outro faz saltar a vida em nosso interior)
A Palavra de Deus chama-nos a perguntar-nos onde está nascendo a Vida ao nosso redor? Onde o Espírito Santo gera uma vida nova, quase inesperada, mas desejada profundamente!
Há muitas realidades que no seu interior levam uma esperança de vida, pessoas que saem de suas terras na busca de melhores condições de vida, que procuram condições dignas para sua família. Pessoas que não têm medo de passar por adversidades porque seu objetivo é acompanhar aquelas situações de necessidade, de injustiça, de dor.
Há uma vida que se gera no segredo e é preciso estar capacitado e capacitada para escutá-la e percebê-la. A única condição é acreditar na Palavra de Deus que é criadora e confiar nela como Maria! Recebemos assim o louvor de Isabel a Maria: “Bem-aventurada aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu”.
Peçamos ao Senhor que nos ensine a deixar-nos guiar pelo Espírito de uma Vida que continuamente está brotando como a nascente de um rio.
Lógica de Deus
Onde acaba a cidade
e começa o medo,
onde terminam os caminhos
e começam as perguntas,
perto dos pastores
e longe dos senhores,
no calor de Maria
e no frio do inverno,
vindo da eternidade
e gestando-se no tempo,
salvação poderosa para todos
atado a um edito do império,
rebaixado em um presépio de animais
aquele que a todos nos eleva até os céus,
nasceu o Filho do Pai,
Jesus, o filho de Maria.
Só abaixo está o senhor do mundo
que nós sonhamos no alto.
Aqui se vê a grandeza de Deus
contemplando a humildade deste pequenino
Aqui está a lógica de Deus,
rompendo o discurso dos sábios.
Aqui já está toda a salvação de Deus
que plenificará todos os povos e os séculos.
Benjamin González Buelta SJ
Salmos para sentir e saborear as coisas internamente
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“Bem-aventurada aquela que acreditou” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU