07 Dezembro 2018
Mais que a vigilância, convite da semana passada, nesta somos motivados a dar uma atenção ativa ao grande profeta asceta do deserto, João Batista, que nos incentiva com uma palavra de ordem: “preparai os caminhos do Senhor e endireitai suas veredas”. A geografia a ser contemplada é antes de tudo o nosso interior, nosso coração. É aí, sobretudo, que se encontram os caminhos sinuosos, as altas montanhas, os vales profundo da separação, da divisão. Tudo construído por nós mesmos.
O 'Retiro do Advento: 'Na mística da Encarnação' é uma proposta de Exercícios Espirituais para rezar diariamente ao longo das quatro semanas do Tempo do Advento. O material é preparado pelo padre Luís Renato Carvalho de Oliveira, e disponibilizado no sítio jesuitasbrasil.com.
Eis o roteiro para a Segunda Semana.
A ação proposta pelo Batista interpela o nosso coração à conversão. Esta é uma exigência para que o Senhor não apenas passe pelo nosso caminho, mas permaneça conosco. É uma necessidade na qual todos nos encontramos, ainda que não estejamos atentos às moções que acalentam o nosso coração. A conversão é fruto da ação e da graça de Deus. Esta é a única força capaz de mover o nosso coração para Deus. Por isso, para que ela aconteça, a condição é um profundo encontro com o Evangelho, com Cristo.
Preparação: Tomo consciência de que estou na presença de Deus e de que Ele deseja encontrar-se comigo. Sinto-me acolhido. Preparo meu coração para este encontro. Para isso “é preciso vestir o coração”.
A tradição de Israel nos fala de um Deus que caminha com seu povo e está intimamente ligado à sua vida. Por isso em todos os tempos suscita profetas que vão á frente dos seus, indicando o caminho que devem trilhar. Nesta semana, somos convidados a seguir o profeta do deserto, olhando para dentro de nós mesmos e deixando-nos afetar pela sua proposta, ao mesmo tempo em que vamos reconhecendo as veredas, encruzilhadas e montanhas, que ainda exercem grande força dentro de nós e nos impedem de ver o verdadeiro horizonte que é Cristo.
O tempo e o lugar fortemente marcados pelo poder político e religioso. Estas duas forças exerciam grande pressão sobre uma grande massa de pobres, famintos, doentes, sedentos de vida e sem destino. É neste contexto que aparece o profeta João Batista, que arrasta uma multidão ao deserto, nas mediações do Jordão. João convida seus ouvintes a não se conformarem com tal situação, porém propõe-lhes uma mudança a partir de si mesmos. À palavra de ordem e encorajamento, o povo acorre ao deserto, paradoxalmente, lugar da saciedade e ponto de partida para os novos tempos. O deserto é o lugar para estar consigo mesmo e da pré-disposição para encontrar-se com Deus. Lugar de se desfazer das amarras e tirar do coração os impedimentos que dificultam o surgimento do novo.
Graça: Senhor, dá-me a graça de reconhecer as montanhas e vales, que me dificultam enxergar o que queres e desejas realizar em mim.
Leio o texto: Lc 3,1-6
Lucas 5,17-26: Homem, teus pecados são perdoados...
A incredulidade constitui uma dos maiores obstáculos para que a Boa Nova de Jesus penetre no coração humano. No relato lucano esta dificuldade é apresentada em forma de preconceito, quer contra Jesus que atribui a si o que, segundo o poder religioso estabelecido, somente Deus poderia fazer, que é perdoar pecados, quer contra o paralítico que, sendo tal, era considerado impuro. Quando o coração humano se volta ao seu Senhor não existem barreiras que possam impedir o verdadeiro encontro. É o que aconteceu no caso do paralítico que, estando impedido de chegar até Jesus, foi conduzido por quatro pessoas generosas que não mediram esforços para ajudar aquele necessitado. A iniciativa do encontro é de Deus. Ele espera a abertura do coração humano.
Mateus 18, 12-14: “O Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequenos.”
São Dâmaso, que hoje celebramos, cuidou da ovelha extraviada e das 99 que ficaram. Foi Papa no ano 366. Nasceu provavelmente em Guimarães, hoje Portugal. É considerado um dos mais notáveis papas do século IV. Uma das suas grandes iniciativas foi pedir a São Jerônimo que providenciasse um texto completo da Bíblia em latim. O povo já não entendia o grego e havia diversas traduções de partes da Bíblia em Latim. São Jerônimo examinou o que existia e traduziu tudo de novo a partir dos textos grego e hebraico. O resultado foi o que chamamos de Bíblia Vulgata, ou Bíblia popular. O Papa Paulo VI mandou fazer uma revisão da Vulgata de São Jerônimo e surgiu uma nova edição promulgada por João Paulo II, com o nome de nova Vulgata.
Lucas 1,39-47: Nossa Senhora de Guadalupe: Bendita és tu entre as mulheres...
Rezar hoje a alegria do verdadeiro encontro. O encontro do pai com o filho, do amigo com o amigo, de Deus com o pecador, da misericórdia com a fraqueza...Encontro este protagonizado por Maria e Izabel. Na ternura da receptividade de duas mães, o encanto do encontro de seus filhos, João Batista com Jesus. Maria sentindo-se acolhida pelo Senhor, rende-lhe graças pelas maravilhas que Ele fez em sua pequenez. Ela é o testemunho do pequeno, que reconhecendo sua condição, sai de si para se unir ao Senhor. Ela tem o coração voltado para o Senhor, por isso, ao convite do anjo, reconhecendo-o como enviado da parte de Deus, diz sim.
Mateus 11,11-15: Quem tem ouvidos, ouça.
Delicadeza da parte do Senhor. Ele mesmo testemunha a grandeza de João Batista. João não é um oportunista, mas um verdadeiro profeta. No entanto, sabendo ele que não é a Luz, mas aquele que testemunha a Luz, embora sendo grande, se faz pequeno, o menor no Reino dos céus Sua humildade se opõe à violência dos poderes e dos grandes deste mundo.
A proposta de hoje é rezar a atitude de Jesus. Aprender com Ele que, quando falamos bem dos outros, somos sinais de redenção para eles que, ao mesmo tempo, são sinais de conversão para nós. Vamos faze este exercício.
Mateus 11,16-19: Com quem vou comparar esta geração?
A multidão não reconhece que João era o precursor e nem que Jesus era quem João anunciava, por isso não acolhe o convite feito por João. De igual modo rejeitam também o testemunho de João, asceta, despojado, bem como a atitude alegre de Jesus, tido por eles como aquele que come com os pecadores e publicanos. Deste modo, permanecem numa postura medíocre que lhes impede de se converterem. A verdadeira conversão exige uma tomada de atitude. Uma adesão à Palavra e ao convite de Cristo.
Mateus 17, 10-13: “Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles.”
Estamos esperando pela vinda do Senhor no Natal, primeiro, e no último dia, depois. Primeiro no Natal porque é quando se manifesta o Messias prometido e esperado por todo o povo. Mas onde está o profeta Elias, que deve vir antes que chegue o Messias? Já veio, diz Jesus. É João Batista. Não que Elias tenha se reencarnado em João Batista, como querem alguns, mas porque João desempenhou literalmente o papel de Elias como precursor do Messias, que é Jesus! O profeta Malaquias deixou escrito o que disse o Senhor sobre Elias: “Eis que vos enviarei Elias, o profeta, antes que chegue o grande e terrível Dia do Senhor. Ele fará voltar o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais”.
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Retiro de Advento. Segunda Semana: 'Na mística da Encarnação' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU