Abrir novos caminhos

Foto: Pixabay

Mais Lidos

  • Esquizofrenia criativa: o clericalismo perigoso. Artigo de Marcos Aurélio Trindade

    LER MAIS
  • O primeiro turno das eleições presidenciais resolveu a disputa interna da direita em favor de José Antonio Kast, que, com o apoio das facções radical e moderada (Johannes Kaiser e Evelyn Matthei), inicia com vantagem a corrida para La Moneda, onde enfrentará a candidata de esquerda, Jeannete Jara.

    Significados da curva à direita chilena. Entrevista com Tomás Leighton

    LER MAIS
  • ‘Narcoterrorismo’: discurso da extrema-direita global nas mídias religiosas. Artigo de Olívia Bandeira e Victor Merete

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

05 Dezembro 2018

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 3, 1-6 que corresponde ao 2º Domingo do Tempo de Advento, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Os primeiros cristãos viram na atuação do Batista o profeta que preparou decisivamente o caminho a Jesus. Por isso, ao longo dos séculos, Batista converteu-se num chamado que continua a urgir para preparar caminhos que nos permitam acolher a Jesus entre nós.

Lucas resumiu sua mensagem com este grito tomado do profeta Isaías: "Preparai o caminho do Senhor". Como escutar esse grito na Igreja de hoje? Como abrir caminhos para que os homens e mulheres do nosso tempo possam encontrar-se com Ele? Como acolhê-lo nas nossas comunidades?

O primeiro passo é tomar consciência que necessitamos de um contato muito mais vivo com a sua pessoa. Não é possível alimentar-se só de doutrina religiosa. Não é possível seguir a um Jesus convertido numa sublime abstração. Necessitamos nos sintonizar vitalmente com Ele, deixar-nos atrair pelo Seu estilo de vida, contagiar-nos pela Sua paixão por Deus e pelo ser humano.

No meio do “deserto espiritual” da sociedade moderna, temos de entender e configurar a comunidade cristã como um lugar onde se acolhe o Evangelho de Jesus. Viver a experiência de reunirmos crentes, menos crentes, pouco crentes e até não crentes, em torno do relato evangélico de Jesus. Dar a Ele a oportunidade de que penetre com a sua força humanizadora nos nossos problemas, crises, medos e esperanças.

Não podemos esquecer. Nos evangelhos não aprendemos doutrina acadêmica sobre Jesus, destinada inevitavelmente a envelhecer ao longo dos séculos. Aprendemos um estilo de viver realizável em todos os tempos e em todas as culturas: o estilo de viver de Jesus. A doutrina não toca o coração, não converte nem apaixona. Jesus sim.

A experiência direta e imediata com o relato evangélico não nos faz nascer a uma fé nova, não por via de "doutrinamento" ou de "aprendizagem teórica", mas pelo contato vital com Jesus. Ele ensina a viver a fé não por obrigação, mas por atração. Faz-nos viver a vida cristã não como dever, mas como contágio. Em contato com o evangelho recuperamos a nossa verdadeira identidade de seguidores de Jesus.

Recorrendo aos evangelhos experimentamos que a presença invisível e silenciosa do Ressuscitado adquire rasgos humanos e ganha voz concreta. Rapidamente tudo muda: podemos viver acompanhados por alguém que dá sentido, verdade e esperança na nossa existência. O segredo da “nova evangelização” consiste em colocar-se em contato direto e imediato com Jesus. Sem Ele não é possível gerar uma fé nova.

 

Leia mais: