Abrir novos caminhos

Fonte: James Tissot. Brooklyn Museum

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07 Dezembro 2018

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 3,1-6 que corresponde ao 2° Domingo de Advento, ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

Os primeiros cristãos viram na atuação do Batista o profeta que preparou decisivamente o caminho para Jesus. Por isso, ao longo dos séculos, o Batista converteu-se numa chamada que continua a urgir para preparar caminhos que nos permitam acolher Jesus entre nós.

Lucas resumiu sua mensagem com este grito tomado do profeta Isaías: «Preparai o caminho do Senhor». Como ouvir esse grito na igreja de hoje? Como abrir caminhos para que os homens e mulheres do nosso tempo possam encontrá-lo? Como recebê-lo em nossas comunidades?

O primeiro passo é tomar consciência de que precisamos de um contato muito mais vivo com a sua pessoa. Não é possível alimentar-se apenas de doutrina religiosa. Não é possível seguir Jesus convertido numa sublime abstração. Necessitamos sintonizar-nos vitalmente com Ele, deixar-nos atrair pelo seu estilo de vida, contagiar-nos pela sua paixão por Deus e pelo ser humano.

No meio do «deserto espiritual» da sociedade moderna, devemos entender e configurar a comunidade cristã como um lugar onde se acolhe o Evangelho de Jesus. Viver a experiência de reunir crentes, menos crentes, pouco crentes e até não crentes, em torno da história do evangelho de Jesus. Dar-Lhe a oportunidade de penetrar com a sua força humanizadora nos nossos problemas, crises, medos e esperanças.

Não o devemos esquecer. Nos Evangelhos, não aprendemos doutrina acadêmica sobre Jesus, inevitavelmente destinada a envelhecer ao longo dos séculos. Aprendemos um estilo de viver realizável em todos os tempos e em todas as culturas: o estilo de viver de Jesus. A doutrina não toca o coração, não se converte nem apaixona. Jesus sim.

A experiência direta e imediata com o relato Evangélico faz nascer-nos para uma nova fé, não através de «doutrinação» ou do «aprendizado teórico», mas através do contato vital com Jesus. Ele ensina-nos a viver a fé, não por obrigação, mas por atração. Faz-nos viver a vida cristã, não como um dever, mas como um contágio. No contato com o evangelho recuperamos a nossa verdadeira identidade de seguidores de Jesus.

Percorrendo os Evangelhos, experimentamos que a presença invisível e silenciosa do Ressuscitado adquire traços humanos e recupera uma voz concreta. De repente, tudo muda: podemos viver acompanhados por alguém que faz sentido, verdade e esperança na nossa existência. O segredo de toda evangelização consiste em nos colocar em contato direto e imediato com Jesus. Sem Ele, não é possível gerar uma fé nova.

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