14 Abril 2017
A leitura que a Igreja propõe para o Sábado Santo é o Evangelho segundo Mateus 28,1-10 que corresponde a Vigília Pascal, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Os evangelhos recolhem a memória de algumas mulheres admiráveis que, ao amanhecer de sábado, se aproximaram do sepulcro onde foi enterrado Jesus. Não podem esquecê-lo. Continuam a amá-lo mais do que a ninguém. Entretanto, os homens fugiram e permanecem talvez escondidos.
A mensagem que escutam ao chegar é de uma importância excepcional. O evangelho de Mateus diz assim: “Sei que procurais Jesus, o crucificado. Não está aqui. Ressuscitou como disse. Vinde ver o sítio onde jazia”. É um erro procurar Jesus no mundo da morte. Está vivo para sempre. Nunca o encontraremos onde a vida está morta.
Não temos de esquecê-lo. Se procurarmos encontrar Cristo ressuscitado, cheio de vida e força criadora, não temos de procurá-Lo numa religião morta, reduzida ao cumprimento externo de preceitos e ritos rotineiros, numa fé apagada que se sustenta em tópicos e fórmulas velhas, vazias de amor vivo a Jesus.
Então, onde podemos encontrá-lo? As mulheres recebem este encargo: “Ide depressa dizer aos discípulos: ‘Ressuscitou dentre os mortos e vai à vossa frente para a Galileia. Ali o vereis’”. Por que tem de se voltar à Galileia para ver o Ressuscitado? Que sentido profundo se encerra neste convite? Que se pretende dizer aos cristãos de hoje?
Na Galileia escutou-se, pela primeira vez e em toda a sua pureza, a Boa Nova de Deus e o projeto humanizador do Pai. Se não voltarmos a escutá-Lo hoje com o coração simples e aberto, nos alimentaremos de doutrinas veneráveis, mas não conheceremos a alegria do Evangelho de Jesus, capaz de “ressuscitar” a nossa fé.
Além disso, na margem do lago da Galileia foi-se formando a primeira comunidade de Jesus. Seus seguidores vivem junto Dele uma experiência única. Sua presença preenche tudo. Ele é o centro. Com Ele aprendem a viver acolhendo, perdoando, curando a vida e despertando a confiança no amor insondável de Deus. Se não colocarmos quanto antes Jesus no centro das nossas comunidades, nunca experimentaremos a Sua presença no meio de nós.
Se voltarmos à Galileia a “presença invisível” de Jesus ressuscitado adquirirá traços humanos ao ler os relatos evangélicos, e a Sua “presença silenciosa” recobrará voz concreta ao escutar as suas palavras de alento.
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