"O trecho do Evangelho que aqui refletimos é a segunda parte do Evangelho de Lucas, a viagem para Jerusalém (9,51 – 19,27). É pelas estradas que Jesus dialoga com os seus discípulos acerca do amor ao próximo e da necessidade de colocar em prática a palavra de Deus, a importância da oração, o cuidado com a administração dos bens e atenção redobrada para com os que sofrem."
A reflexão é de Gisele Canário, leiga. Ela possui graduação em teologia pelo Instituto São Paulo de Estudos Superiores e é mestra em teologia com ênfase em exegese bíblica (Antigo Testamento) pelo Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Atualmente é assessora no Centro Bíblico Verbo, onde atua na confecção de materiais para estudos bíblicos, formação em comunidades eclesiais e cursos bíblicos online. É analista de pastoral na rede Marista de colégios. Ela também desenvolve materiais didáticos para cursos de Teologia - UNIASSELVI e participa do grupo de pesquisa “Tradução e Interpretação do Antigo Testamento” (TIAT).
Primeira Leitura: Jr 38,4-6.8-10
Segunda Leitura: Hb 12,1-4
Salmo: 39,2.3.4.18
Evangelho: Lc 12,49-53
O Projeto de Jesus sempre esteve pautado por transmitir o fogo que arde em seu coração. Por toda a Galileia se ouve falar de um projeto sensível, inteligente e que culmina numa reflexão sensata acerca da vida que o rodeia. Jesus é incisivo no caminho, tem um olhar amplo a respeito das coisas práticas da vida. Tudo é guiado pelo fogo do espírito com o objetivo de transformar as ações e focar no que é absolutamente necessário, a vida real das pessoas mais simples.
O Evangelho de Lucas retrata da seguinte maneira: “Eu vim atear fogo ao mundo: e oxalá já estivesse ardendo!” Outros escritos do tempo contam “Quem está perto de mim está perto do fogo. Quem está longe de mim está longe do reino.” Jesus é claro, deseja que o fogo que carrega em si queime por todos os cantos e principalmente no coração daqueles que se apaixonam e se entranham pelos caminhos do Reino de Deus. O mundo inteiro se inflama com esse projeto que arde no coração daqueles que buscam a Deus.
O trecho do Evangelho que aqui refletimos é a segunda parte do Evangelho de Lucas, a viagem para Jerusalém (9,51 – 19,27). É pelas estradas que Jesus dialoga com os seus discípulos acerca do amor ao próximo e da necessidade de colocar em prática a palavra de Deus, a importância da oração, o cuidado com a administração dos bens e atenção redobrada para com os que sofrem.
É nesse sentido que o fogo ganha vida nas palavras de Jesus e deseja que esse mesmo fogo que carrega em si queime realmente, que ninguém o apague, que se propague por toda a terra e que o mundo inteiro se inflame. Aqueles que veem em Jesus uma possibilidade de mudança, abrem os seus olhos e se despertam ao fogo que arde em seu espírito rumo à compaixão por si e pelos que sofrem. Jesus está contagiado pelo fogo que o faz peregrino do reino e sua justiça até o fim.
A paixão que vem de Deus é fogo que se acende em seus seguidores por meio da aproximação com a sua mensagem e seu espírito transformador. É algo que arde e mexe com as estruturas convencionais e frieza cotidiana. É o fogo que mantem a vida cristã acesa à sua essência.
Os cristãos devem manter o fogo de Jesus acesso, sua compaixão e amor pelos que sofrem. Atrair, transmitir luz e oferecer calor é Projeto Vivo do Reino. As palavras de Jesus nos inflamam e nos tiram das questões secundárias. Ao nos deixarmos queimar por Jesus conhecemos o seu poder transformador. Esse é o aspecto mais apaixonante da mensagem de Jesus.
Por fim, o fogo queima o que não é útil e reascende o ânimo. A caridade e o amor são luzes que nasceram desse fogo e nos levam às obras, transformam as nossas vidas e nos colocam à disposição do outro.