06 Dezembro 2018
"O mundo está na rota errada. Não traiam as gerações futuras. É uma questão de vida ou morte". O alerta emitido ontem por Antonio Guterres, secretário-geral da ONU, foi alto e claro na cerimônia de abertura da conferência anual sobre o clima (COP24), que continuará até 14 de dezembro em Katowice, antiga cidade mineradora da Polônia. Com o costumeiro e incômodo convidado de pedra: Donald Trump. Em oito perguntas e respostas, aqui estão os temas "candentes" na mesa.
A reportagem é de Sara Gandolfi, publicada por Corriere della Sera, 04-12-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Os líderes de 197 países chamados para elaborar um plano de ação sobre os compromissos de Paris
O próprio Guterres apresentou ontem os números: os últimos quatro anos foram os mais quentes da história, a concentração de CO2 na atmosfera é a mais alta dos últimos três milhões de anos e as emissões voltaram a aumentar. O termômetro da Terra já registra + 1° em relação aos níveis pré-industriais e o relatório do Grupo Intergovernamental de Especialistas (Ipcc), publicado em outubro, alertou que continua aumentando em 0,2o por década. Com impactos devastadores.
O acordo aprovado em Paris em 2015 estabeleceu que as diretrizes para sua execução devem ser definidas ainda este ano. Katowice é, portanto, a última ocasião, pelo menos formalmente, para que os líderes mundiais elaborem um plano de ação concreto a respeito dos compromissos assumidos há três anos na capital francesa. Um passo importante de um longo processo começou em 1992, na primeira Cúpula da Terra no Rio de Janeiro, onde a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Clináticas (UNFCCC) foi adotada. Desde então, a Conferência dos signatários (hoje 197), que agora está em sua 24ª edição, é realizada todos os anos.
O acordo que entrou em vigor em novembro de 2016 obriga os países signatários a desenvolver planos climáticos nacionais até 2020 para limitar o aquecimento global "bem abaixo de 2°C" em relação aos níveis pré-industriais. Os estados industrializados também se comprometeram a financiar a chamada "ação climática".
O processo é lento e sujeito a contínuos retrocessos - em particular, pesa o não envolvimento dos EUA liderados por Trump - mas 57 países já reduziram suas emissões de gases de efeito estufa para os níveis necessários para conter, se não parar, o aquecimento global.
Dezoito Estados de alta renda comprometeram-se a doar US $ 100 bilhões por ano até 2020 para financiar programas de prevenção e resiliência em países em desenvolvimento, os mais vulneráveis às mudanças climáticas. Até agora, pouco mais de 70 bilhões de dólares foram mobilizados. E os doadores rejeitam as diretrizes vinculantes sobre a quantidade e a qualidade dos recursos disponibilizados.
O relatório do IPCC, formado por centenas de especialistas, adverte que evitar esse meio grau extra - entre 1,5 e 2º - centenas de milhões de pessoas seriam poupadas do impacto da mudança climática. Caso contrário, os cientistas preveem, entre outras coisas, o desaparecimento de recifes de coral, ondas de calor, secas e outros eventos extremos.
Precisamos agir rapidamente, disse Guterres ontem, "porque as mudanças climáticas são mais rápidas que nós". Entre as metas mínimas: até 2030, as emissões devem cair 45% em relação aos níveis de 2010 e devem chegar a zero até 2050; um ano em que as energias renováveis terão que suprir entre a metade e dois terços das necessidades mundiais de energia, com uma redução correspondente nos combustíveis fósseis.
Trump declarou que queria se retirar do grupo. Legalmente, não pode fazê-lo até novembro de 2020. Enquanto isso, seus negociadores continuam participando e, de acordo com alguns, criando obstáculos para os trabalhos. Que posição a Europa e a China assumirão agora?
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