05 Outubro 2016
“Eu não vim antes para não incomodar, mas desde o primeiro momento eu senti a necessidade de estar perto de vocês”. O Papa Francisco disse essas palavras enquanto falava por um megafone às pessoas que sobreviveram ao terremoto em Amatrice, aonde chegou nesta terça-feira, 04 de outubro, pela manhã, em companhia do bispo de Rieti, dom Domenico Pompili.
A reportagem é de Domenico Agasso Jr e publicada por Vatican Insider, 04-10-2016. A tradução é de André Langer.
O Papa tinha anunciado que gostaria de ter visitado as vítimas do terremoto em 24 de agosto passado. No entanto, a visita se concretizou dois dias após sua chegada da viagem apostólica à Geórgia e ao Azerbaijão. O séquito papal é muito pequeno em relação às demais visitas, para causar o menor incômodo possível nas zonas devastadas.
Imediatamente sentiu a necessidade de estar perto da população atingida pelo terremoto, mas a principal preocupação do Pontífice era não criar problemas com sua presença. “Pensei bem nos primeiros dias em todas as dores, e achei que a minha visita poderia ser, talvez, mais um incômodo do que uma ajuda, uma saudação, e eu não queria incomodar. Por isso, deixei passar um pouco mais de tempo, para que algumas coisas fossem arrumadas, como a escola. Mas, desde o primeiro momento senti que tinha que vir para me encontrar com vocês”. Agora, “estou aqui simplesmente para dizer que estou perto de vocês e que rezo por vocês. Proximidade e oração, esta é a minha oferta para vocês. Que o Senhor abençoe a todos vocês, que Nossa Senhora cuide de vocês neste momento de tristeza, de dor e de provação”.
Depois da bênção, o Papa quis rezar a Ave-Maria com as pessoas presentes: “Vamos em frente, sempre há futuro. Há muitos entes queridos que nos deixaram, que morreram sob os escombros. Vamos rezar a Nossa Senhora por eles. Vamos fazê-lo juntos. Olhar sempre em frente. Avante, coragem e ajudem-se uns aos outros. Caminhamos melhor juntos, sozinhos não vamos a lugar nenhum. Vamos em frente! Obrigado”.
O Bispo de Roma, justamente no dia da festa de São Francisco de Assis, chegou em um Golf. Entrou na escola provisória que a Proteção Civil de Trento levantou para manifestar o seu afeto aos alunos e professores. Francisco foi recebido pelos estudantes do primário e do ensino médio, que lhe deram de presente alguns desenhos. Abraçou-os e saudou-os um por um, e entreteve-se com eles durante cerca de 20 minutos, ouvindo as suas histórias.
Após ter saudado os estudantes da escola, dirigiu-se aos escombros da “zona vermelha” de Amatrice, na companhia do prefeito Sergio Pirozzi e de um pequeno grupo de policiais.
O Pontífice deteve-se, sozinho e em silêncio, diante dos escombros para rezar.
Depois, ao sair de Amatrice, saudou as pessoas que se encontravam na região do acampamento Amatrice 1. Em seguida, dirigiu-se às localidades de Accumoli e Arquata del Tronto. As pessoas que puderam estar perto dele descrevem seus “calorosos” gestos de encorajamento.
A visita também foi uma surpresa para o pároco de Amatrice, o Pe. Savino D’Amelio: “Nós, padres, não sabíamos – afirmou à Rádio Vaticano. Nos demos conta quando vimos, de repente, uma tropa de jornalistas, fotógrafos, cinegrafistas... Quando chegou, foi imediatamente às tendas e encontrou-se com as crianças: tudo foi verdadeiramente belo e significativo”.
Depois, “o bispo de Rieti, Pompili, nos apresentou ao Papa, a nós e aos que estavam ali por perto. Foi um gesto muito belo e espontâneo, do tipo que o Papa nos acostumou, e nos convidou para rezar. A reação das pessoas foi de grande emoção. É significativo que tenha desejado compartilhar conosco justamente o dia do seu santo onomástico, a festa de São Francisco de Assis”.
O Papa Francisco, em seguida, também fez uma visita ao Centro Assistencial São Rafael, em Borbona (Rieti), que acolhe pessoas não autossuficientes e que não podem receber assistência em suas casas. Esteve com os 60 pacientes idosos, a maior parte dos quais teve que deixar suas casas devido ao terremoto. Segundo informou a Sala de Imprensa vaticana, “saudou-os um por um, entreteve-se bastante tempo com eles e almoçou com eles”.
Ao final da longa viagem aos territórios atingidos pelo terremoto de 24 de agosto, o Papa poderia realizar uma etapa em Assis.
O prefeito de Amatrice, Pirozzi, em uma entrevista à inBlu Radio (emissora italiana), declarou: “a presença do Papa é uma mensagem importante; traz esperança e renascimento. Sou forte, mas de vez em quando a força me parece faltar e uma palmada nas costas ajuda. Vou esperar pelo Francisco na Páscoa, porque meu sonho é que nesse dia as casas já tenham sido reconstruídas e todas as atividades tenham sido retomadas, um sinal importante para esta região, que pagou um tributo muito alto”.
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O Papa nos lugares do último terremoto na Itália: “Eu não queria incomodar” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU