Por: André | 20 Março 2012
Após o acidente de Fukushima, que completou um ano, toneladas de radioatividade vazaram para o ar e o mar. Ainda hoje a contaminação do entorno prossegue.
A reportagem é de Laura Corcuera e está publicada no jornal quinzenal espanhol Diagonal, 17-03-2012. A tradução é do Cepat.
Não há modelos precisos para medir as taxas de liberação de elementos radioativos (radionúclidos) quando o combustível nuclear, que vaza de uma central, entra em contato com a água do mar. Esta é a conclusão publicada por uma equipe de engenheiros e geólogos norte-americanos no último número da revista Science.
Os pesquisadores propõem realizar caros experimentos com materiais radioativos para reduzir o risco das centrais nucleares e voltar a ganhar a confiança da população na energia nuclear. Mas epidemiólogos e radiobiólogos estão tentando explicar desde antes do desastre de Fukushima que a fórmula risco/benefício (risco para a população e benefício industrial), que se utiliza na radioterapia, não pode ser aplicada à energia nuclear.
Em condições normais, uma central nuclear emite constantemente pequenas doses de radioatividade no ar e também na água. Com o acidente de Fukushima toneladas de material radioativo começaram a se dispersar quando a companhia elétrica Tokyo Electric Power (Tepco) começou a utilizar água do mar para esfriar três dos seis reatores da central, cujos núcleos estavam se superaquecendo.
A água foi vazou (e o processo continua) para o Oceano Pacífico e para o leito marinho. Do mar, o combustível radioativo é transportado para todo o planeta e é transferido para os ecossistemas marinhos e cadeias tróficas, onde pode permanecer durante muito tempo.
As algas, ricas em ferro, transferem radionúclidos diretamente para os seres humanos e também para os moluscos, crustáceos e peixes que consumimos. Daí a importância de saber a procedência do que comemos. O estrôncio 90 e o césio 137 têm uma vida média de 30 anos (nesse tempo ficará a metade de sua massa e em 60 anos uma quarta parte). O iodo 131 tem uma vida média de oito dias, mas o plutônio 239 tem uma vida média de cerca de 24.000 anos e com o tempo se transforma em amerício 241, outro elemento radioativo que pode ser incorporado ao organismo humano.
Além da radioatividade que a central de Fukushima está emitindo, hoje resta mais da metade daquela que saiu da central de Chernobil, em 1986.
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As consequências do desastre de Fukushima no mar e no ar - Instituto Humanitas Unisinos - IHU