07 Março 2012
De 9 a 11 de março, será realizado o festival non-stop organizado pelo pianista iraniano Ramin Bahrami. Concertos, encontros, palestras, debates, projeções, convidados ilustres: tudo em torno do grande musicista alemão. O desafio de Bahrami: "Três dias para os fãs do gênio universal".
A reportagem é de Leonetta Bentivoglio, publicada no jornal La Repubblica, 06-03-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Está chegando a Florença um Woodstock dedicado a Johann Sebastian Bach: um megarretrato que viajará para lugares diferentes, de 9 a 11 de março, impulsionado por uma aprofundada iniciativa non-stop. Intitulado World Bach-Fest, o projeto "é um evento nascido da rede", explica Ramin Bahrami, pianista iraniano dedicado ao culto de Bach e idealizador da manifestação, juntamente com o musicista e musicólogo Mario Ruffini.
"Quando, em nome do meu fanatismo bachiano – eu alimento uma devoção absoluta –, eu fundei no Facebook o Grupo JS Bach, reuni em poucos meses mais de 3.000 adesões. Decidi passar do virtual ao real, celebrando, com uma maratona ao vivo, um musicista tão amado, universal e contemporâneo, em uma cidade que é a capital da arte e que representa bem a magnificência de um compositor que atravessa passado, presente e futuro".
Será o próprio Bahrami que abrirá o festival como solista no piano de três concertos na sexta-feira, dia 9, no Teatro del Maggio Musicale Fiorentino (com Mario Ruffini no pódio da orquestra do Maggio). No dia seguinte, o Palazzo Vecchio se transformará durante 48 horas em uma imensa caixa acústica bachiana, com um fluxo ininterrupto de solistas, ensembles e formações (incluindo a Orquestra da Toscana) no Salone dei Cinquecento. Diálogos musicólogos ocuparão a Sala di Lorenzo, e ensaios abertos invadirão o Salone dei Duecento.
Entre os convidados figuram uma musicista mítica como a violoncelista Natalia Gutman (que dará palestras públicas, assim como Bahrami), e estudiosos como Andreas Gloeckner, do Bach-Archiv, de Leipzig, que levará a Florença manuscritos originais do gênio alemão. "Vinicio Capossela também estará envolvido", afirma Bahrami. "Ele vai dialogar comigo, vestido com as roupas de Bach, entrevistando-me sobre os máximos sistemas".
O público poderá imergir na música de Bach durante toda a noite, entre execuções no Palazzo Vecchio e no cinema Odeon, onde serão exibidos filmes com trilhas sonoras bachianas, homenagens visuais a intérpretes lendários e os trabalhos dos finalistas de um concurso para um curta-metragem 114 segundos, "sendo 14 o número por excelência de Bach", explica Bahrami, "recorrente em toda a sua produção".
O fim do evento será no domingo à noite, no Palazzo Vecchio, com as Variações Goldberg tocadas e narradas por Bahrami ao lado do "narrador" Sandro Cappelletto.
"Artistas e estudiosos participarão gratuitamente", observa o coidealizador Mario Ruffini, que, nessa ocasião, irá apresentar o seu livro de teologia bachiana (Lo specchio di Dio e il segreto dell'immagine riflessa [O espelho de Deus e o segredo da imagem refletida]) de 114 páginas, 14 capítulos e 14 boxes de aprofundamento (o preço, é claro, é de 14 euros).
"E, nessa festa de democracia woodstockiana, os espectadores vão poder entrar livremente, sem inscrições. Quem não conseguir entrar poderá acompanhar tudo pelo megatelão montado na Piazza della Signoria, enquanto o mundo inteiro poderá se conectar por dois portais: www.wordbachfest.it e www.intoscana.it".
Ruffini se orgulha por ter mobilizado para o empreendimento, além dos dois bancos de Florença, as máximas instituições locais – da prefeitura, ao governo do Estado, passando pelo Maggio – e por poder declarar um custo total de apenas 40 mil euros. "São os milagres de Bach", exulta Bahrami. "Graças ao seu gênio unificador, todos aderiram com frescor e coesão".
Enquanto isso, o último disco, em que interpreta as Suites Inglesi (Decca), entrou na classificação pop. Não é a primeira vez: foram incríveis as suas proezas com a Arte della Fuga (2007) e com os Concerti bachiani (2011), executados com a orquestra de Gewandhaus, de Leipzig, dirigida por Riccardo Chailly, "que hoje", informa Bahrami, "aceitou a presidência honorária da World Bach-Fest".
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O ''Woodstock'' de Bach - Instituto Humanitas Unisinos - IHU