25 Agosto 2014
A maior autoridade islâmica no Egito, reverenciada por muitos muçulmanos em todo o mundo, lançou uma campanha na Internet no domingo desafiando o grupo extremista na Síria e no Iraque, dizendo que não ele deveria ser chamado de um "Estado Islâmico".
A reportagem é de Sarah El Deeb, publicada no sítio da Associated Press, 24-08-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
Uma campanha iniciada pela Dar al-Ifta, considerada a instituição com maior autoridade de aconselhamento em questões espirituais e de vida dos muçulmanos, contribui para a guerra de palavras que está sendo realizada pelos líderes muçulmanos de todo o mundo visando o grupo do Estado Islâmico, que controla vastas faixas do Iraque e da Síria. Seus ataques violentos que incluem tiroteios em massa, destruição de templos xiitas, ataques às minorias e decapitações, como a do jornalista americano James Foley, tem chocado muçulmanos e não muçulmanos.
O grão-mufti do Egito, Shawki Allam, disse anteriormente que os extremistas violam todos os princípios e as leis islâmicas e descreveu o grupo como um perigo para o Islã como um todo.
Agora, o instituto Dar al-Ifta, que ele supervisiona, irá sugerir à mídia estrangeira que deixe de usar o termo "Estado Islâmico" em favor de "separatistas da Al-Qaeda no Iraque e na Síria" ou a sigla "QSIS", conforme Ibrahim Negm, assessor do mufti.
Isso faz parte de uma campanha que "tem como principal objetivo corrigir a imagem do Islã, que tem sido manchada no Ocidente por causa de tais atos criminosos, e para exonerar a humanidade de tais crimes que desafiam os instintos naturais e espalham ódio entre os povos", afirmou Negm para MENA, a agência estatal de notícias do Egito. "Também queremos reafirmar que todos os muçulmanos são contra estas práticas que violam os princípios que são tolerados pelo Islã".
Negm disse que a campanha na Internet e nas mídias sociais irá incluir opiniões de estudiosos islâmicos de todo o mundo sobre o grupo e suas pretensões de representar o Islã. Ela também irá incluir uma campanha "hashtag" no Twitter e vídeos de muçulmanos denunciando o grupo e seus métodos.
A campanha acontece ao mesmo tempo em que o Grande Mufti da Arábia Saudita, o xeique Abdul-Aziz Al-Sheik, também ter chamado o grupo islâmico de inimigo número 1.
Muçulmanos de todo o mundo têm lutado contra a reação que se seguiu à ascensão da Al Qaeda e dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Acadêmicos e grupos ativistas têm buscado por anos dissociar-se dos militantes e de suas próprias versões extremistas do Islã.
Eles dizem que o grupo do Estado Islâmico é um outro grupo que parece mais ambicioso e agressivo do que a Al-Qaeda. O grupo do Estado Islâmico rebatizou-se no dia 29 de junho, quando, unilateralmente, declarou o território que detinha no Iraque e na Síria um califado, apagando efetivamente as fronteiras dos dois países e a criação de um proto-estado, governado por sua própria interpretação estrita da lei "Shariah". Anteriormente, ele se auto-referiam como "Estado Islâmico do Iraque e do Levante", enquanto lutavam na Síria contra o regime do presidente Bashar Assad.
Desde 29 de junho, a Associated Press faz referência à organização dos extremistas como o "grupo do Estado Islâmico" ou a seus combatentes como "militantes do Estado Islâmico". Muitas outras organizações de mídia fazem o mesmo, enquanto algumas se referem a ele por seu nome anterior.
O grupo do Estado Islâmico tem uma sofisticada campanha de mídia na Internet e tem atraído combatentes estrangeiros, o que pode explicar o porquê dos estudiosos islâmicos optarem por adotar uma abordagem semelhante. Mas não está claro o quão bem sucedido será este último empurrão contra o grupo.
A Dar al-Ifta é bem conhecida entre os estudiosos da jurisprudência islâmica e oferece formação religiosa a muitos muçulmanos de todo o mundo desde o final de 1800. Mas suas opiniões são consultivas e, muitas vezes, vistas como muito próximas das posições oficiais do governo egípcio.
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Autoridade islâmica afirma que extremistas não representam ''Estado Islâmico'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU