Por: Caroline | 25 Junho 2014
O México é a última fronteira para os migrantes em busca do “sonho americano”. Milhares de pessoas que, ano a ano, desafiam a morte com a esperança de uma vida melhor nos Estados Unidos e que vivem verdadeiros dramas. Uma realidade que não é indiferente para a Santa Sé. Por isso o secretário de Estado, Pietro Parolin (foto), irá viajar para a capital mexicana nos próximos dias 14 e 15 de julho.
A reportagem é de Andrés Beltramo Alvarez, publicada por Vatican Insider, 23-06-2014. A tradução é do Cepat.
Fonte: http://goo.gl/zAKPzB |
“Migração e desenvolvimento” é o nome do seminário organizado pelo governo do México e pelo Vaticano. A inauguração do encontro, que será realizado na segunda-feira, 14, na sede da Secretaria de Relações Exteriores, será presidida pelo chanceler José Antonio Meade e o cardeal Parolin.
Irão assistir ao encontro Marcelo Sánchez Sorondo, chanceler da Pontifícia Academia para as Ciências Sociais; o ex-chanceler mexicano, Luis Ernesto Derbez; o economista estadunidense Jeffrey Sachs; o presidente do Conselho Episcopal Latino-americano, Carlos Aguiar Retes; o arcebispo de Los Angeles, José Gómez e o arcebispo de Tijuana, Rafael Romo Muñoz.
A administração mexicana está trabalhando há meses neste projeto. Em dezembro Meade visitou Roma e se reuniu com diversas personalidades da Sede Apostólica. Um contato que foi mantido nos meses seguintes e teve seu ponto mais alto na visita do presidente Enrique Peña Nieto ao Papa Francisco, no último dia 07 de junho.
Durante esse encontro privado, o bispo de Roma assegurou ao presidente que irá realizar uma viagem apostólica às terras mexicanas, mesmo que não tenha especificado nem quando, nem em que circunstâncias. A visita de Parolin ao país serviria também para avançar a excursão apostólica já acordada.
“Com o seminário busca-se promover uma visão dos imigrantes como recursos valiosos para as economias e não como um fardo para os países. Deve-se resgatar a imigração como uma possibilidade de intercâmbio e de aproximação das culturas, além de ser um fator econômico e de desenvolvimento para os povos”, disse ao Vatican Insider o embaixador do México junto a Santa Sé, Mariano Palacios Alcocer.
Justamente o drama dos imigrantes poderia ser protagonista na visita que Francisco irá realizar ao México. Mesmo que ainda não haja uma data oficial para tal viagem apostólica, tudo indica que ela será realizada em setembro de 2015. De 22 a 27 desse mês está previsto na Filadélfia (Estados Unidos) a celebração da VIII Jornada Mundial das Famílias, um encontro que considera a assistência do Papa e que seria a oportunidade ideal para uma etapa mexicana.
Nas últimas semanas Jorge Mario Bergoglio foi pessoalmente informado sobre a situação em várias cidades do norte do México. Em suas reuniões anteriores ele nunca falou do muro fronteiriço com os Estados Unidos, mas fica muito sugestivo pensar na possibilidade de um gesto sem precedentes: uma oração do bispo de Roma nessa parede de divisão, símbolo do drama dos imigrantes ilegais.
Fez o mesmo em Lampedusa, quando lançou ao mar uma coroa de flores e rezou pelos africanos mortos nessas águas enquanto buscavam um futuro melhor. Também o fez na Palestina, quando orou frente ao muro divisório de Israel com os territórios da Cisjordânia.
No México teria a oportunidade de enviar uma mensagem de profundo valor simbólico. Poderia rezar pelos milhares de falecidos em sua travessia até o norte do deserto, mas também ofereceria uma contribuição diplomática de importância superlativa a um debate que se encontra parado no Parlamento estadunidense: o da reforma migratória.
Seu gesto poderia ser o empurrão definitivo que o presidente Barack Obama necessita, cuja popularidade tem baixado em seu segundo mandato. O mesmo presidente expressou em público a sua admiração pelo Papa, um sentimento que compartilhado pela maioria dos estadunidenses.
Além disso, Obama tem uma dívida pendente. Ainda que sua reeleição tenha sido ganha por um sopro graças ao apoio das comunidades hispânicas, não respondeu a seus compromissos com eles. É certo que, por um lado, tenha enviado um projeto de reforma migratória ao Congresso, mas o fez sabendo que não conta com a maioria para sua aprovação.
Por outro lado não suspendeu nem limitou as selvagens deportações, embora esteja em suas mãos. Mas fez todo o contrário. Desde sua chegada ao poder em 2009 até a atualidade, as expulsões de imigrantes do país superaram os dois milhões. Durante a atual administração foram quebrados todos os recordes de deportações, inclusive acima de seus antecessores, como George W. Bush.
Em setembro de 2015 restaria ao presidente cerca de mais 16 meses, a última parte de seu governo. Um apoio papal seria então muito bom para ele e destrancaria essa reforma, ela poderia ser entregue como uma herança de civilidade e justiça de sua passagem pela Casa Branca.
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Parolin viaja ao México: uma aliança pelos migrantes - Instituto Humanitas Unisinos - IHU