03 Julho 2015
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 6,1-6 que corresponde ao 14° Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
http://www.periodistadigital.com/religion/ |
O relato não deixa de ser surpreendente. Jesus foi rejeitado precisamente na Sua própria terra, entre aqueles que acreditavam conhecê-Lo melhor que ninguém. Chega a Nazaré, acompanhado pelos Seus discípulos, e ninguém sai ao Seu encontro, como sucede por vezes noutros lugares. Tampouco lhe apresentam os doentes da aldeia para que os cure.
A Sua presença só desperta neles assombro. Não sabem quem Lhe poderá ter ensinado uma mensagem tão cheia de sabedoria. Tampouco sabem explicar de onde vem a força curadora das Suas mãos. O único que sabem é que é Jesus, um trabalhador nascido numa família da Sua aldeia. Tudo o mais «parece-lhes escandaloso».
Jesus sente-se «desprezado»: os seus não O aceitam como portador da mensagem e da salvação de Deus. Fizeram uma ideia do seu vizinho Jesus e resistem a abrir-se ao mistério que se encerra na Sua pessoa. Jesus recorda-lhes o provérbio que, provavelmente, conhecem todos: «Não desprezam um profeta mais que na sua terra, entre os seus parentes e em sua casa».
Ao mesmo tempo, Jesus «estranha a Sua falta de fé». É a primeira vez que experimenta uma rejeição coletiva, não dos dirigentes religiosos, mas de todo o Seu povo. Não esperava isto dos Seus. A Sua incredulidade chega inclusive a bloquear a Sua capacidade de curar: «não pode fazer ali nenhum milagre, só curou alguns doentes».
Marcos não narra este episódio para satisfazer a curiosidade dos seus leitores, mas para advertir as comunidades cristãs que Jesus pode ser rejeitado precisamente por quem acredita conhecer melhor: os que se encerram nas suas ideias preconcebidas sem abrir-se nem à novidade da Sua mensagem nem ao mistério da sua pessoa.
• Como estamos acolhendo Jesus, os que nos cremos «Seus»?
• No meio de um mundo que se fez adulto, não é a nossa fé demasiado infantil e superficial?
• Não vivemos demasiado indiferentes à novidade revolucionária da Sua mensagem?
• Não é estranha a nossa falta de fé na Sua força transformadora?
• Não corremos o risco de apagar o Seu Espírito e desprezar a Sua Profecia?
• Esta é a preocupação de Paulo de Tarso: «Não apagueis o Espírito, não desprezeis o dom da Profecia. Revede tudo e ficai só com o bom» (1 Tes 5,19-21). Não necessitaremos de algo disto os cristãos dos nossos dias?
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Não desprezar o profeta - Instituto Humanitas Unisinos - IHU