A Igreja tem algum problema com as mulheres? Sério?

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12 Janeiro 2015

Eu li a fala do papa sobre "mães-são-mártires-indispensáveis". Estremeci. Será que nós, demônios de saias, não temos legitimidade na terra, a não ser quando procriamos?

A opinião é de Margery Eagan, jornalista e colunista do jornal The Boston Globe. O texto foi publicado no sítio Crux, 08-01-2015. A tradução é de Claudia Sbardelotto.

Eis o texto.

O rebaixado cardeal Raymond Burke tem sido o garoto-propaganda dos bispos conservadores obcecados com gays, sexo e aborto.

Agora ficamos sabendo: há mais.

Burke está obcecado com homens viris.

Que fazem coisas viris.

De formas viris.

Com homens.

Os homens "respondem com vigor, precisão e excelência", diz Burke.

"Uma disciplina viril" é necessária para ser coroinha, diz Burke.

"Os homens precisam se vestir e agir como homens", diz Burke, que é conhecido por vestir-se com os paramentos de seda e... rendas.

Meu Deus.

As meninas coroinhas têm infestado as liturgias uma vez viris, diz Burke, e os homens viris, que de outra forma seriam sacerdotes, sentem-se revoltados e rejeitados.

Eu poderia continuar com isso. Mas agora é como tirar doce de criancinha.

Burke, claramente, perdeu essa parada.

"Os católicos liberais, por vezes, retratam a hierarquia da Igreja como um bando de esquisitos e reprimidos cujo desconforto instintivo com as mulheres e com o sexo infecta o ensinamento da Igreja sobre esses temas", disse um comentarista do sítio Crux, na quarta-feira, para uma matéria do sítio Religion News Service detalhando o ataque de Burke às paróquias infestadas com meninas coroinhas, além das mulheres - como se fossem os gafanhotos das pragas bíblicas!

Disse o escritor do Crux: "o cardeal Burke não está ajudando em nada para dissipar essa noção".

Eu que o diga.

Mas a história de Burke justapõe-se ao ode feito pelo Papa Francisco, na última quarta-feira, à maternidade. Bem, isso foi simplesmente demais.

Eu li a fala do papa sobre "mães-são-mártires-indispensáveis". Estremeci.

Será que nós, demônios de saias, não temos legitimidade na terra, a não ser quando procriamos?

As mães são capachos generosos, sensíveis, doces, calmos, todas sacrifício e todas sofrimento. Essa foi a força propulsiva da mensagem de Francisco.

E as mulheres que não são mães, como as freiras?

"Seja uma mãe e não uma solteirona!", disse Francisco, incrivelmente, às irmãs de todo o mundo em 2013. Isso foi antes de ele admitir suas suspeitas de um "machismo feminino", antes da comparação - desfavorável - da Europa a uma "avó, que não é mais fértil e vibrante" e antes de ele caracterizar as teólogas como "as cerejas do bolo".

Eu poderia ir além. Mas já exprimi minha opinião.

Eu simplesmente não posso imaginar por que alguém acha que a Igreja tem um problema com as mulheres. Você pode?