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Equador está dividido, assim como toda a América Latina. Entrevista especial com Elaine Santos

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Por: João Flores da Cunha | Edição Patricia Fachin | 04 Abril 2017

Apesar da vitória de Lenín Moreno no segundo turno das eleições presidenciais equatorianas, que ocorreu no último domingo, 02-4-2017, “quase a metade do país não está com o sucessor de Correa, seja pelo voto em Lasso, seja pelo voto em branco ou nulo”, avalia Elaine Santos na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line.

Uma possibilidade do novo governo, pontua, pode ser a “criação de um fundo social a partir do petróleo ou do extrativismo”, mas, frisa, “será pouco provável que Lenín consiga manter suas propostas com todo o potencial que elas merecem, simplesmente porque o Equador passa por seu momento de crise, devido à baixa dos preços do petróleo, que continuam sendo o motor do desenvolvimento do país”.

Elaine também comenta a campanha da Confederación de Nacionalidades Indígenas del Ecuador – Conaie, que se posicionou contrária ao partido do ex-presidente Rafael Correa. Para ela, a atitude dos indígenas é “uma maneira de revidar os ataques repressivos, que não foram poucos, acometidos durante esses últimos governos de Correa”. Contudo, avalia, “me parece um tanto arriscado o apoio a Guillermo Lasso, sabendo que nunca, na história, nenhum banqueiro esteve a favor da luta indígena ou de qualquer outra que melhore a vida das pessoas. É uma falta de estratégia, a meu ver, e um ressentimento. As comunidades indígenas estão lutando há muito tempo, estão cansadas de ver seus direitos, suas terras e principalmente suas vidas tratadas de forma rebaixada. Eu os entendo, embora não concorde com o posicionamento”.


Elaine Santos | Foto: Arquivo Pessoal

Elaine Santos é socióloga e professora da Rede Estadual em Santo André-SP. É mestra em Energia e atualmente cursa doutorado no Centro de Estudos Sociais em Coimbra, Portugal, sob a orientação do Prof. Boaventura de Sousa Santos.

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Como avalia o resultado da eleição presidencial no Equador? Você concorda com a visão de alguns analistas de que o Equador esteve dividido?

Elaine Santos - A partir do resultado um tanto angustiante de domingo, 02-4-17, e da vitória de Lenín Moreno com 51,02% e 98,14% dos votos contados, observou-se que quase a metade do país não está com o sucessor de Correa, seja pelo voto em Lasso, seja pelo voto em branco ou nulo.

Penso que agora se abre uma nova etapa, não porque Lenín governará sob tutela de Correa, como dizem muitos estudiosos. O que penso é que será pouco provável que Lenín consiga manter suas propostas com todo o potencial que elas merecem, simplesmente porque o Equador passa por seu momento de crise devido à baixa dos preços do petróleo, que continuam sendo o motor do desenvolvimento do país. Talvez uma coisa a ser discutida seja a criação de um fundo social a partir do petróleo ou do extrativismo, algo que não ocorreu.

E, sim, o país está dividido, descontente, bem como toda a América Latina. O que ocorre no Equador não é alheio do que passa na América Latina. Há um sentimento generalizado de insatisfação e tal fato possibilita o ressurgimento de figuras conservadoras que encontram, nesse desagrado diluído, um mecanismo de canalizar forças para a direita. A máxima de Marx, de que a história da sociedade é a história da luta de classes, nunca esteve tão atual. Obviamente é uma classe que tem gênero, que tem cor e etnias, mas que no comum segue oprimida, e o capitalismo sabe muito bem como tirar proveito das diferenças. Entender como essa classe se move nos dias atuais é uma tarefa árdua; o imprescindível para nossa força seguir lutando é o fato de que o mundo não está dado, tampouco é irremovível.

IHU On-Line - A partir de agora, o que muda e o que permanece em relação ao governo de Rafael Correa? O que o resultado significa para o correísmo?

Elaine Santos - Correa foi o nome do Alianza País, daí esse culto ao correísmo como se ele fosse o principal e único mandatário em seu governo — vale relembrar que o Equador é historicamente conhecido por suas insurreições populares e muitos presidentes foram derrubados por meio destas ações. Em 2015, por exemplo, Correa enfrentou uma série de manifestações que alguns denominaram como “La primavera de Quito”. Os movimentos sociais se sentiam traídos no que concerne às demandas que foram prometidas, mas não atendidas e sequer dialogadas neste governo. Este é o ponto-chave destes governos denominados à esquerda que assumiram na América Latina: perderam completamente o contato com a realidade da população, o diálogo com os movimentos sociais. Isto é fundamental, ouvir a demanda das pessoas, seus anseios e angústias.

Ao que parece, a esquerda está atrelada somente ao institucional, tudo gira em torno do institucional, e na América Latina as instituições não merecem credibilidade e confiabilidade. Através da leitura do plano de trabalho de Lenín Moreno, é perceptível que ele pretende seguir com as reformas iniciadas por Correa, que desde 2007 modernizou o capitalismo. E a injustiça social foi combatida, algo que tem sua importância, entretanto não acredito que ele conseguirá manter os mesmos investimentos nos setores sociais, a não ser que crie um endividamento ainda maior, ou seja, se curve ao capital internacional, como de costume.

IHU On-Line - A campanha teve momentos de acirramento e episódios polêmicos, como as hostilidades a Guillermo Lasso no Estádio Olímpico de Quito. Que avaliação faz da campanha, em seus dois turnos?

Elaine Santos - O primeiro turno me pareceu mais tranquilo, já que Lenín, junto com Correa, apostava na vitória logo no primeiro turno. Mesmo com as fortes críticas que o correísmo recebia, principalmente por seus últimos atos de governo, eles confiavam que os equatorianos levariam à frente seu projeto. Todavia, não foi o que ocorreu e o país foi para o segundo turno, mostrando todo seu desapontamento ante as políticas exercidas.

No segundo turno, notou-se um certo desespero de ambos os lados para fazer validar seu programa político. Lasso, o banqueiro, se apoiou nos incumprimentos de Correa para angariar com os descontentes dos últimos dez anos, prometendo mudar Estatutos nas Leis de Comunicação. Isso se acirrou quando em 22 de março a jornalista Rosana Alvarado declarou uma fraude realizada no Centro de Estudios de Datos - Cedatos que favoreceu o candidato de direita. A jornalista se baseou em e-mails que demonstravam a manipulação dos dados, bem como cheques que foram entregues ao Cedatos por empresas como Livercostas, através do Banco de Guayaquil.

A imprensa também não ficou de fora e foram utilizados todos os meios para dissimular e manipular as opiniões. Isso acaba por polarizar e acirrar os ânimos dos eleitores, tanto que no dia 28 de março o candidato Lasso foi agredido no estádio de futebol durante a partida do Equador contra Colômbia realizada em Quito. Por outro lado, também houve episódios aterradores de imagens colocadas na internet, hostilizando o fato de o candidato Lenín ser um cadeirante. Foi uma campanha suja, resvalada pela falta de humanidade e limite.

Muita coisa esteve em jogo nesse segundo turno. Em dado momento a mulher de Leopoldo Lopez (oposição na Venezuela, preso desde 2014), Lilian Tintori [1], queria entrar no país para fazer campanha a favor do banqueiro Lasso; obviamente, foi proibida e teve que voltar a Miami. Em 18-03-2017, duas semanas antes da decisão nas urnas, a jornalista argentina Cynthia Garcia publicou uma matéria acerca da vinculação de Guillermo Lasso, candidato do Creo [Criando Oportunidades], com no mínimo 49 empresas offshore domiciliadas em paraísos fiscais (Panamá, Ilhas Cayman e Delaware – EUA).

IHU On-Line - Durante a campanha, algumas entidades indígenas, como a Conaie, manifestaram posicionamento contrário ao partido de Rafael Correa. O que explica que um governo que se pretende próximo de movimentos sociais e indígenas seja rejeitado por uma organização indígena?

Elaine Santos - Compreendo a postura da Conaie, que encontrou neste posicionamento uma maneira de revidar os ataques repressivos, que não foram poucos, cometidos durante esses últimos anos no governo de Correa. Por outro lado, me parece um tanto arriscado o apoio a Guillermo Lasso, sabendo que nunca, na história, nenhum banqueiro esteve a favor da luta indígena ou de qualquer outra que melhore a vida das pessoas. É uma falta de estratégia, a meu ver, e um ressentimento. As comunidades indígenas estão lutando há muito tempo, estão cansadas de ver seus direitos, suas terras e principalmente suas vidas tratadas de forma rebaixada. Eu os entendo, embora não concorde com o posicionamento.

Posto isto, acredito que os últimos anos também foram pedagógicos para os movimentos sociais e comunidades indígenas, pois perceberam que só a representatividade legal constitucional foi pouco para que seus direitos fossem respeitados na totalidade. Logo, a mobilização é o caminho, somente a pressão social pode romper com tais estruturas que nos prendem. Mesmo com um discurso astuto, considero um recuo dar voto a um banqueiro, já que, de forma mais ampla, este setor não precisa ganhar as eleições, porque são eles que dão as cartas do jogo dentro do Estado; ou seja, não é um setor que está do lado da sociedade em nenhum momento, mas são os que sempre ganham, mesmo quando a economia parece estar em recesso.

Voto nulo

Alguns intelectuais declararam voto nulo, mas para mim isso é um erro. O terreno das transformações não se dá exclusivamente pela prática da militância institucional. Contudo, ao desertar esse terreno, colocamo-nos em situação social cada vez mais dramática para as classes sociais em suas disputas e isso é o que vem fazendo a esquerda Crítica da Crítica [2] equatoriana que, de tão crítica, virou as costas para a teoria e espera no vazio uma “situação revolucionária” que nunca virá, sem trabalho, esforço teórico e prático. Eu me refiro ao trabalho de luta no cotidiano, da disputa diária, que muitos se negam a fazer... recordo aqui um exemplo brasileiro que estive a ver por esses dias... a Universidade de São Paulo deve reunir em outubro grandes nomes da intelectualidade brasileira e estrangeira para discutir os Cem anos da Revolução Russa na USP, e eu me pergunto por que não vão às escolas públicas de São Paulo falar com os alunos que estão lá e que necessitam de outras vozes, aqueles que ocuparam suas escolas. Concentram-se sempre nos mesmos lugares inacessíveis para a maioria, não pactuam com o povo em sua vida comum, nos vários lugares que frequentam. Com esse progressismo ou esquerda marxista de gabinete, não sairemos do lugar, e declarar mil vezes que a Revolução tem que ser socialista, ecologista ou pós-extrativista, ou sei lá o que dos modismos que surgem, não vai fazer com que ela aconteça.

IHU On-Line - Como avalia o legado de Rafael Correa após dez anos no cargo? Como classifica o seu governo em termos da esquerda e do progressismo?

Elaine Santos - O Equador não é o mesmo de dez anos atrás. Ocorreram muitas mudanças em termos sociais que abrandaram as desigualdades, todavia este projeto do “melhorismo” desde o segundo mandato de Correa já dava sinais de desgaste.

O ano de 2015 foi o ápice deste desagrado e os equatorianos demonstraram sua insatisfação desde a chamada “Ley de Herencias”, que balizava a compra e venda de imóveis como tentativa de combater a especulação imobiliária e fazer com que os ricos pagassem mais impostos. Duas semanas depois, o Comitê Empresarial do Equador rejeitou a proposta e logo começaram a organizar manifestação pelas redes sociais. Obviamente que a direita não deixou espaço vazio: o parlamentar André Paez, da oposição, fez um chamado no Twitter convocando toda a população para o que denominou como “Caravana do Luto”, e Jaime Nebot chegou a cancelar sua viagem a Nova York para convocar uma manifestação, e toda essa situação desgastou ainda mais a imagem de Correa.

Correa ganhou forte impopularidade desde o seu segundo governo, quando tomou decisões duras e por vezes autoritárias contra os movimentos sociais e indígenas, e não respeitou as consultas (legalmente validadas) quanto à exploração petrolífera na Reserva Yasuní, tampouco as mulheres que continuaram invisibilizadas e a morrer em clínicas clandestinas de aborto. Correa teve uma postura bastante verticalizada para um presidente que primava pelo respeito e pela Revolução...

Ainda que as manifestações de 2015 apareçam como espontâneas, por mais que a história nos surpreenda às vezes, não foi esse o caso. Com todo o descontentamento da população, a direita se aproveitou e fez das manifestações algo de seu interesse, como a reivindicação contra a “Ley de Herencias”, e agregou, em benefício desta burguesia, muitos cidadãos que sequer estavam envolvidos nas manifestações. Ou seja, a velha oposição ressurgiu e mostrou a facilidade de canalizar as reivindicações a seu favor. E isto é o que está acontecendo em toda a América Latina, a direita está nadando de braçadas contra a população.

O que chamam Revolução Cidadã é a construção de estradas, hidrelétricas, redução da pobreza e do analfabetismo. Isto não é Revolução, é sim um melhorismo, não se pode amalgamar as coisas. Os equatorianos obtiveram bons resultados em termos de índices e de acessos. Mas qual é problema central da desigualdade no país? Não houve qualquer empenho de discussão nesse sentido.

Já o Progressismo é a catástrofe, até porque ele não existe. Para mim, é a administração do sofrimento, um paliativo. Já basta de sofrimento. Aqueles que são oprimidos todos os dias, em qualquer país, sabem bem que aquilo que chamamos de “estado de exceção”, como diria Benjamin, é uma regra geral, e é contra isso que devemos lutar. A esquerda precisa de um projeto emancipatório em seu horizonte e precisa fazer o caminho para essa realização; a esquerda é (ou deveria ser) muito maior do que esta organização representativa e partidária, porque tem como tarefa organizar-se junto ao povo.

IHU On-Line - O que a eleição significa para a inserção internacional do Equador e que impacto o resultado pode ter na América Latina?

Elaine Santos - A América Latina vive tempos difíceis e, em termos políticos, um retrocesso que vem a galope: há uma dificuldade em confluir forças para enfrentar toda esta onda que estamos vivendo, uma espécie de ditadura dos monopólios crescentes, um capitalismo que está subordinado às dinâmicas mundiais.

O grande capital só realiza sua entrada na América Latina pela via do extrativismo, do agronegócio, da expropriação e isso, de alguma forma, nos últimos anos, levou uma grande parcela da população a consumir, criando uma “classe consumidora” subproletária e despolitizada. Muitos autores falam do pós-extrativismo, pós-desenvolvimento, são teorias necessárias, mas pessoalmente não consigo vislumbrá-las na prática, principalmente na forma atual sob as bases nas quais o capitalismo se desenvolve, que são cada vez mais rápidas e não lineares. Adentram o debate de se Marx seria ou não extrativista; sinceramente, não vejo qualquer sentido nessa discussão. Eu sempre me lembro de algo que li, quando estava ainda na graduação, de um autor chamado José Chasin, que dizia:

O conjunto de sua obra [de Marx] é um imenso queijo suíço onde os buracos são maiores do que as partes carnudas, isto é, problemas não tematizados que vão levar sei lá quantos séculos para serem tematizados. Mas os ligamentos existentes, as carnes, oferecem pontos de partida para estas tematizações. Ninguém pode se dirigir ao Marx esperando encontrar um conjunto elaborado onde a questão ontológica, gnosiológica e infinitas outras estejam já ali prontas. [3]

Alguém supõe que a teoria de Marx está conclusa? Não é o momento de reinventarmos a roda, vamos reler nossos autores críticos na América Latina que contribuíram para a leitura da realidade, olhar para o mundo a partir das suas particularidades. Em contrapartida, se quisermos um desenvolvimento anômalo, vamos nos manter nas brumas do capitalismo verde, humano, sustentável ou qualquer coisa que não leve a lugar algum.

IHU On-Line - Que projeção faz do cenário dos próximos anos no Equador? Quais são os principais desafios para o presidente eleito?

Elaine Santos - Os preços do petróleo estão caindo, há uma crise econômica e política mundial. Por outro lado, há também uma busca por opções energéticas que permite aos países centrais não dependerem em demasia dos países subdesenvolvidos. Em seu plano de trabalho, Moreno enfatiza que o Equador foi o país que mais fez uso da riqueza petroleira no combate à pobreza, no âmbito energético. Moreno também afirma a continuidade na construção de oito usinas hidrelétricas e a geração de novas indústrias e empregos por meio de tais construções. No que tange à Revolução Ecológica, está previsto firmar novos acordos que permitam combater a pobreza de maneira sustentável e inteligente, utilizando o patrimônio natural de forma a ter um equilíbrio ecológico. Sair da dependência dos recursos também faz parte da sua pauta discursiva por meio da dinamização da indústria siderúrgica e seus aportes.

Posto isso, vemos a Espada de Dâmocles [4] com a crise financeira que assola o mundo todo em vários níveis e os baixos preços das matérias-primas que debilitam a economia. Para manter as taxas e o lucro, os Estados deixam de investir nas áreas sociais e, em consequência, perdem apoio da população. É essa a chamada transformação facultada pelo dominante. Nenhum dos governos progressistas na América Latina, respeitada a importância de suas reformas, conseguiu qualquer controle ou reversão do capital financeiro, principalmente sob a égide da marcha célere imperial hegemônica. Ao contrário, fomos sim parceiros na nossa condição de subalternidade, na nossa posição mais ou menos crítica, mais ou menos de esquerda. Sabemos que a história não dá passos atrás – el pasado no volverá. Como tragédia ou como farsa, acompanharemos como Moreno governará neste capitalismo inacabado e no desenrolar contrarrevolucionário vivido no cone sul em todos os sentidos e que, como é obvio, também é movido por forças contrárias imperialistas a quaisquer emancipações políticas e econômicas em nossa pátria grande.

Notas:

[1] Consultado aqui em 19.3.2017. (Nota da entrevistada)

[2] Em alusão ao livro de Karl Marx titulado - A sagrada família ou a Crítica da Crítica (Boitempo, 2003). (Nota da entrevistada)

[3] Chasin, José. (1988) A superação do liberalismo. p.02. (Nota da entrevistada)

[4] A espada que Dâmocles descobriu acima de sua cabeça ao ocupar o lugar do rei Dionysius e logo perdeu a vontade de ocupar aquele lugar. A representação da insegurança daqueles com grande poder e quem podem perdê-lo. A espada no caso desse artigo se denomina capital monopolista. (Nota da entrevistada)

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