02 Mai 2025
No dia 29 de abril de 2025 faleceu o teólogo norte americano, David Tracy, com 86 anos de idade. Durante minhas pesquisas no pós-doutorado, com Jacques Dupuis, Tracy foi um dos autores importantes, e pude me servir de dois livros importantes publicados por ele: Imaginação analógica (1981) e Diálogo com o outro: o diálogo inter-religioso (1990).
A informação é de Faustino Teixeira, publicada no seu Facebook, 30--04-2025.
Foi um teólogo original, professor e pesquisador reconhecido internacionalmente. Não era um teólogo de leitura fácil. Sua obra vem marcada por grande complexidade. Era professor Emérito da Universidade de Chicago, onde lecionou por 38 anos. Sua última obra foi Fragmentos: a situação existencial de nosso tempo. Ensaios selecionados. Volume 1 (2020). Trata-se de uma obra de mais de 400 páginas. Como indicado na ementa do livro:
“No primeiro volume, Fragmentos, Tracy reúne seus ensaios mais importantes sobre questões teológicas amplas, começando com o problema do sofrimento na tragédia grega, no cristianismo e no budismo. O volume prossegue abordando o Infinito e as muitas tentativas de categorizá-lo e nomeá-lo por Platão, Aristóteles, Rilke, Heidegger e outros. Nos ensaios restantes, ele reflete sobre questões do invisível, contemplação, hermenêutica e teologia pública. Ao longo do texto, Tracy evoca o potencial dos fragmentos (entendidos tanto como conceitos quanto como eventos) para romper sistemas fechados e nos abrir para a diferença e o Infinito. Abrangendo ciência, literatura, filosofia, psicanálise e tradições religiosas não ocidentais, Tracy fornece em Fragmentos um guia para qualquer leitor aberto repensar nossa cultura contemporânea fragmentada”.
Sobre sua criativa obra, podemos recorrer ao livro de Stephen Okey, de 2018: Uma teologia da conversação. Uma introdução a David Tracy. Traços de sua reflexão foram divulgados no Brasil pelo Instituto Humanitas da Unisinos, como na entrevista concedida por ele ao IHU-Notícias em 30 de setembro de 2019. Assim como em Paul Ricoeur, Tracy faz recurso à categoria “Fragmentos” para romper com as totalidades, visando uma abertura à infinidade. Como ele mesmo explicou na entrevista do IHU, “Uma coisa a fazer é expandir, de fato aprender tanto quanto possível com as demais tradições religiosas. Os cristãos medievais – Aquino, Eckhart, todos eles – se envolviam muito mais, e estavam muito mais dispostos a aprender, com a tradição dos os judeus, especialmente Maimônides, e com a tradição islâmica, especialmente Avicena. Os medievais se destacavam muito nesse sentido. E é isso o que devemos fazer.”