17 Março 2025
Cortes adicionais na NOAA, demissões na NASA, incluindo cientista do IPCC, e desregulamentações ambientais marcaram semana.
A reportagem é de Cristiane Prizibisczki, publicado por ((o))eco, 14-03-2025.
Os ataques do governo Donald Trump à ciência ambiental e do clima continuaram com toda força nesta semana. Durante os últimos dias, o presidente Republicano anunciou mais cortes da NOAA, demitiu cientistas da NASA e determinou a revogação de importantes leis ambientais e climáticas do país.
Na quarta-feira (12), por ordem de Trump, a Nasa anunciou a demissão de sua cientista-chefe e de outros 22 funcionários, em um corte que se soma a outras medidas do governo federal norte americano com impactos diretos nas pesquisas sobre mudanças climáticas.
Katherine Calvin, uma renomada climatologista que contribuiu para relatórios cruciais da ONU sobre o clima, já havia sido impedida, no final de fevereiro, de participar da primeira reunião do ano do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climática (IPCC). Realizada em Hangzhou, China, a reunião marcou o início dos trabalhos do próximo relatório do corpo científico da ONU para mudanças do clima.
A NASA tem papel crucial na pesquisa climática por operar uma frota de satélites de monitoramento terrestres. Além disso, a Agência desenvolve modelos climáticos sofisticados de código aberto para cientistas e a população.
Também esta semana, foi anunciado que o governo Trump pretende fazer mais cortes na Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), para além dos 800 cargos já cortados no final de fevereiro.
A NOAA é o principal centro de informações sobre clima e tempo e uma fonte importante de informações ambientais nos Estados Unidos e no exterior. Por ser considerada uma autoridade em previsão, rastreamento de tempestades e monitoramento climático, os cortes na agência americana pode comprometer a qualidade e precisão das previsões meteorológicas extremas que orientam o governo e a população sobre furacões, incêndios florestais, tornados e inundações, alertam especialistas.
Também na quarta-feira (12), a Agência de Proteção Ambiental americana (EPA, na sigla em inglês), anunciou que vai revogar ou alterar 31 regras e regulamentos ambientais, incluindo o “Clean Air Act” de 2009, considerado o marco legal para as regulamentações sobre emissão de gases de efeito estufa do país.
Entre as normas que serão “revistas” estão algumas que tratam de padrões nacionais de qualidade do ar para partículas poluidoras, padrões de emissão para poluentes atmosféricos industriais, regulamentações que restringem emissões veiculares. Também devem sofrer mudanças normas criadas sob o marco do Clean Water Act, que regulamentou medidas de proteção a cursos d´água.
Além disso, o novo administrador da EPA, Lee Zeldin, um empresário com ligações diretas a Elon Musk, instituiu que 20 bilhões de dólares em subsídios para ajudar a lidar com a crise climática sejam interrompidos, citando potencial fraude.
Em artigo publicado no jornal americano The Wall Street Journal, Zeldin disse que quarta-feira foi o “dia mais importante de desregulamentação na história americana” e que “estamos cravando uma adaga no coração da religião da mudança climática e inaugurando a Era de Ouro da América”.
No final de fevereiro, Zeldin já havia cortado cargos no setor da EPA que trata de justiça climática.