14 Fevereiro 2025
“O frio do inverno está testando a conhecida fragilidade respiratória do Papa. Mas o Santo Padre aceita o desafio: não modifica a agenda e, apesar da bronquite da qual sofre há dias, em uma manhã chuvosa fica duas horas ao ar livre na Praça São Pedro para celebrar o Jubileu das Forças Armadas, da Polícia e da Segurança”. Assim um alto prelado do Vaticano ressalta ao La Stampa a tenacidade de Francisco, fatigado por uma nova inflamação dos brônquios.
A reportagem é de Domenico Agasso, publicado por La Stampa, 10-02-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Na missa do segundo grande evento do Jubileu, Bergoglio, em um determinado momento, interrompe a leitura da homilia e passa as folhas para monsenhor Diego Ravelli, mestre das celebrações litúrgicas pontifícias, explicando: “Agora peço desculpas e vou pedir ao mestre que continue a leitura, porque tenho dificuldade para respirar”. Os aplausos de encorajamento dos 30 mil militares presentes explodiram. Entre eles estavam o Ministro da Defesa, Guido Crosetto, o Ministro da Economia, Giancarlo Giorgetti, e o Chefe do Estado-Maior da Defesa, General Luciano Portolano.
Episódios semelhantes ocorreram várias vezes nos últimos tempos; o último foi na quarta-feira, na audiência geral, quando o Papa confiou a apresentação do texto a um de seus colaboradores, dizendo: “Quero pedir desculpas, porque com este forte resfriado é difícil para mim falar”. Contudo, ontem o bispo de Roma recitou o Angelus regularmente. Assim como está cumprindo todos os seus empenhos: a bronquite até agora não o obrigou a cancelar nenhum compromisso, mas simplesmente a realizá-los na Casa Santa Marta.
Embora a situação possa mudar a cada dia, no momento todos os programas para as próximas semanas estão confirmados, incluindo a visita aos estúdios cinematográficos de Cinecittà - a primeira vez para um Pontífice - como parte do Jubileu dos Artistas e do Mundo da Cultura: o Papa Francisco se reunirá com uma delegação de artistas e agentes culturais, a quem dirigirá sua mensagem. E, enquanto isso, o Vaticano está trabalhando na possível viagem papal à Turquia, provavelmente em maio, para o 17º centenário do Concílio de Niceia.
O padre Enzo Fortunato, diretor da revista Piazza San Pietro, destaca a resiliência de Bergoglio: “A força indômita do Papa Francisco é um testemunho que encoraja a humanidade a seguir em frente apesar de tudo”.
As precauções com a saúde do bispo de Roma aumentaram significativamente desde junho de 2023, quando foi internado na Policlínica Gemelli para uma “laparotomia e cirurgia plástica da parede abdominal com prótese”, em termos médicos, uma laparocele encarcerada, basicamente uma hérnia no abdômen, com aderências que lhe causavam fortes dores: foi a terceira vez que Francisco foi internado no hospital romano. A anterior foi em 29 de março do mesmo ano, por causa de uma “pneumonia” que provavelmente é uma causa do enfraquecimento dos brônquios e da frequente falta de ar. E há tempo sofre de gonalgia, uma dor no joelho que o obriga a se locomover em uma cadeira de rodas ou a andar com uma bengala. Em dezembro e janeiro, houve duas quedas que lhe causaram um hematoma no lado direito do rosto e uma contusão no antebraço direito, respectivamente.
Assim, cada acesso de tosse do Papa reabre o debate sobre sua possível renúncia. Bergoglio já informou que assinou em branco e entregou a renúncia ao pontificado, em caso de impedimentos graves e permanentes ligados às suas condições físicas. Mas na conversa com seus coirmãos jesuítas na República Democrática do Congo, publicada pelo então editor da Civiltà Cattolica, padre Antonio Spadaro, hoje subsecretário do Dicastério para a Cultura e a Educação, e antecipada pelo La Stampa, Francisco também disse que considerava “o ministério do papa ad vitam”.