Quando o papa para de falar

Durante seu recente ataque de gripe e resfriado, o Papa Francisco fez com que assessores do Vaticano lessem seus discursos para ele.

A reportagem é de Loup Besmond de Senneville, publicada por La Croix International, 11-03-2024.

“Preparei um discurso para vocês, mas pensei que seria melhor entregá-lo ao Cardeal Piacenza, que o transmitirá a vocês”, disse o Papa Francisco no início de uma recente audiência com participantes de uma conferência em Roma promovida pela Penitenciaria Apostólica, um dos tribunais da Cúria Romana.

Durante aquela reunião de 8 de março, o papa não disse mais nada. Como vinha fazendo há vários dias, ele pediu a um de seus assessores do Vaticano que lesse seu discurso para ele.

Desde que a Sala de Imprensa da Santa Sé anunciou, em 24 de fevereiro, que Francisco cancelaria as consultas devido a leves “sintomas semelhantes aos da gripe”, a vida no Vaticano tem sido guiada pelo ritmo da saúde do papa. Na verdade, nas últimas semanas, Francisco esteve no hospital para se submeter a exames não especificados; ele cancelou alguns compromissos; e, durante as audiências que se realizaram, fez com que um dos funcionários da Secretaria de Estado responsável pela elaboração dos seus discursos lesse o texto para ele.

Dependendo do dia, o papa disse aos visitantes que estava com bronquite ou resfriado. Durante a sua mais recente audiência geral de quarta-feira, ele também falou apenas brevemente. Curiosamente, o encontro semanal aconteceu ao ar livre, na fresca e tempestuosa Praça São Pedro, e não dentro da Sala Paulo VI, onde foi realizado nos últimos meses.

Estes pequenos acontecimentos relacionados com a saúde do Papa são acompanhados de perto na Cidade Eterna, visto que Francisco tem 87 anos. Claro, todos esses são sinais normais de fadiga para um homem da sua idade. Mas deram origem a todo o tipo de interpretações por parte de funcionários da Cúria Romana e de analistas e simpatizantes para além das Muralhas Leoninas. Todos aguardam – alguns com pavor, outros com um sentimento de antecipação – pelo fim do seu pontificado. Quando o papa pega um resfriado, todo o Vaticano espirra.

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