13 Dezembro 2023
O texto acordado pelos 200 países presentes no Dubai centra-se nos principais responsáveis pela crise climática: petróleo, carvão e gás.
A reportagem é de Manuel Planelles, publicada por El País, 13-12-2023.
Depois de uma longa noite de negociações no Dubai, os representantes dos quase 200 países reunidos na cúpula do clima realizada nesta cidade dos Emirados Árabes Unidos (EAU) aprovaram na manhã desta quarta-feira um acordo que defende o “trânsito para deixar para trás” os combustíveis fósseis. A referência direta é ao petróleo, gás e carvão, os principais responsáveis pela crise climática. Ao longo de décadas de conversações, os apelos ao seu abandono foram deixados de fora dos textos dos acordos climáticos.
A presidência da COP28, tem estado nas mãos dos Emirados Árabes Unidos, país cujas receitas provêm de cerca de 30% do petróleo e do gás, o que fez com que muitos duvidassem que desta reunião surgisse um apelo direto contra os combustíveis fósseis. Mas tem sido assim, apesar da oposição aberta e dura exercida por países altamente dependentes do petróleo, como a Arábia Saudita e o Iraque.
“Muitos disseram que isso não poderia ser feito”, disse Sultan al Jaber, presidente desta COP e que liderou as negociações. “Isso é histórico”, disse ele sobre o acordo. Paradoxalmente, Al Jaber, além de ministro da Indústria dos Emirados Árabes Unidos, é o diretor geral da ADNOC, a empresa petrolífera estatal.
Com o foco nos combustíveis, a reunião tornou-se tudo ou nada. Ou foram mencionados pela primeira vez (já foi tentado e não foi alcançado na reunião de Glasgow de 2021) ou não foi feito, o que acabaria por ser um fracasso para muitos Estados, entre os quais a União Europeia, que aplaudiu o pacto.
A dúvida nas últimas horas de negociação era qual verbo acompanharia a referência a combustível. As nações mais ambiciosas queriam uma clara “eliminação gradual” do seu uso e produção, em comparação com a redução que apareceu no projeto divulgado pela presidência da COP28 na segunda-feira, que suscitou muitas críticas do lado ambientalista.
Por fim, a última proposta de acordo lançada esta quarta-feira nos acréscimos (a COP28 deveria ter terminado na terça-feira) propunha fazer uma transição – “transiting away”, é a expressão inglesa usada – para deixar os combustíveis fósseis para trás "nos sistemas energéticos, em de forma justa, ordenada e equitativa, acelerando a adoção de medidas nesta década crítica, a fim de atingir o zero líquido até 2050".
Essa foi a fórmula aprovada pelos países em sessão plenária realizada na manhã desta quarta-feira. “É o começo do fim”, disse Simon Stiell, chefe da área de mudanças climáticas da ONU, em referência aos combustíveis fósseis, que são mencionados no acordo fechado em Dubai. “É uma mensagem clara”, acrescentou.
Stephen Cornelius, da WWF, acrescentou: “Este projeto é uma melhoria muito necessária em relação à última versão, o que causou indignação”, embora tenha alertado que não chega a “pedir a eliminação completa do carvão, do petróleo e do gás”. Em todo caso, este ambientalista sustenta que “representa um momento significativo”. “Durante décadas, as negociações climáticas da ONU não abordaram os combustíveis que impulsionam a crise climática”, lembrou.
A íntegra da reportagem pode ser lida aqui.
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COP28 fecha um acordo histórico que abre caminho para deixar os combustíveis fósseis para trás - Instituto Humanitas Unisinos - IHU