Teólogas desafiam a Igreja a se reformar ou a morrer

Foto: Carlos Daniel | Cathopic

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27 Novembro 2023

Em um novo livro, sete teólogas, cada uma com suas próprias perspectivas, abordam os desafios que a Igreja Católica enfrenta hoje.

A reportagem é de Isabelle de Gaulmyn, publicada em La Croix International, 24-11-2023. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A desvantagem de um livro escrito com vários autores é que ele segue necessariamente em várias direções. Esse é o caso de um novo livro de 180 páginas sobre a Igreja Católica, escrito por sete teólogas, seis francesas e uma italiana. O título – “Se réformer ou mourir” – diz praticamente tudo: a Igreja deve “se reformar ou morrer”.

Em novo livro, sete teólogas tomam a palavra sobre a reforma da Igreja. (Foto: Divulgação)

 A biblista Anne-Marie Pelletier (membro da Comissão Papal de Estudo sobre o Diaconato Feminino) e Marie-Jo Thiel (médica e professora de teologia na Universidade de Estrasburgo) delineiam os obstáculos e as perspectivas relativas ao papel das mulheres na Igreja.

A historiadora e autora italiana Lucetta Scaraffia (ex-editora do caderno Donne, Chiesa e Mondo, o encarte feminino mensal publicado pelo jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano) acrescenta sua própria opinião sobre o assunto.

Enquanto isso, Véronique Margron, a irmã dominicana que atualmente preside a Conferência de Religiosos e Religiosas da França (Corref), lembra-nos o que a crise dos abusos sexuais trouxe aos católicos, particularmente no que diz respeito à relação entre poder e abuso.

A irmã ursulina Laure Blanchon, professora da Faculdade Jesuíta de Teologia (Centre Sèvres) de Paris, analisa a opção preferencial da Igreja pelos pobres.

E Isabelle de la Garanderie, uma virgem consagrada que tem doutorado no Centre Sèvres e leciona religião no Ensino Médio, compartilha reflexões sobre a reforma da Igreja.

Reformar uma Igreja ainda muito clerical

Mas gostaríamos de expressar uma preferência particular – embora subjetiva – pelo texto de Anne Soupa. Os leitores talvez se lembrem de que ela é a teóloga leiga que se “candidatou” ao cargo de arcebispa de Lyon em 2020. Soupa oferece uma bela reflexão sobre a reforma de uma Igreja que ela considera excessivamente clerical.

Ela parte daquilo que lhe parece mais promissor, a saber, o caminho batismal. O batismo é o único sacramento “capaz de levantar todas as exclusões silenciosas, mas poderosas, que estruturam a Igreja” e, em particular, a difícil relação entre o laicato e o clero.

Assim, Soupa se distancia dos debates excessivamente eclesiais para se concentrar em uma visão mais espiritual e insiste no papel dos batizados e das batizadas na Igreja que ela tanto deseja. Ela se recusa a se desesperar diante da crise que a instituição enfrenta, afirmando que devemos continuar dando testemunho, “porque o cristianismo só pode ser transmitido face a face. E para isso algumas poucas pessoas são suficientes”.

A Igreja institucional, insiste ela, não deve esconder a Igreja de Cristo, que é algo muito maior. Os católicos devem voltar a um “anúncio vigoroso, ardente e bem argumentado da ressurreição”, preparar-se para o Reino e colocar o amor no centro de sua mensagem, diz ela.

Dessa forma, o propósito “purificado e cintilante” da Igreja, semelhante ao de Cristo, deve emergir de sua estrutura agora anacrônica.

Referência

  • Se réformer ou mourir” (Paris: Salvator, 2023); Laure Blanchon OSU, Isabelle de la Garanderie, Véronique Margron OP, Anne-Marie Pelletier, Luceta Scaraffia, Ana Soupa, Marie-Jo Thiel

 

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