23 Junho 2023
A taxa de pobreza nas regiões metropolitanas brasileiras caiu de 31,3% para 27% entre 2021 e 2022. Em termos absolutos, mais de 3,4 milhões de brasileiros residentes nas metrópoles saíram da situação de pobreza, e 1,8 milhões deixaram a extrema pobreza. Ou seja, a quantidade de pessoas que ultrapassou a linha de pobreza ou de extrema pobreza nesse período supera a população de muitas das grandes cidades do país. “Podemos destacar a combinação de dois fatores: o crescimento da renda média, ou seja, um aumento do volume de recursos, e a melhora da distribuição de renda, que levou à queda da desigualdade no conjunto das metrópoles brasileiras. Como consequência, houve a redução da pobreza”, ressalta um dos autores do estudo, Andre Salata.
A reportagem é publicada por Observatório das Metrópoles, 21-06-2023.
Para explicar o aumento da renda média, o principal fator foi a renda do trabalho, que subiu de R$ 1.428,00 para R$ 1.507,00 na renda domiciliar per capita entre 2021 e 2022. A desocupação no país também saiu da casa de 11% para 8,5%. “A recuperação da economia e a redução da desocupação tiveram um peso muito grande no aumento da média de rendimentos. A desigualdade teve uma redução por conta da renda do trabalho, que teve uma importância muito grande. E o crescimento da renda do trabalho foi proporcionalmente maior para os estratos mais baixos da população das regiões metropolitanas”, pontua Salata.
Embora a redução das desigualdades tenha se dado principalmente pela renda do trabalho, isso não significa que os Programas de Transferência de Renda não tiveram importância. Eles foram importantes para explicar a redução da extrema pobreza. “Saiu do auxílio de R$ 400,00 em 2021 para o de R$ 600,00 em 2022, o que foi importante, além da melhora na focalização destes programas”, explica Salata. De acordo com ele, isso explica parte do porquê ocorreu uma redução das desigualdades e que resultou na redução da pobreza. Mas o principal fator ainda foi a recuperação da renda do trabalho que é, em média, mais de 70% da renda dos domicílios.
“O primeiro componente foi a renda do trabalho e, junto a isso, com uma importância relativamente menor, as mudanças nos Programas de Transferência de renda, que foram especialmente importantes para a redução da extrema pobreza, ainda que mesmo para extrema pobreza a renda do trabalho tenha sido mais relevante”, diz Salata. Outro aspecto é a redução da inflação, que em 2022 foi menor que em 2021. “Isso de algum modo contribuiu para a manutenção de um certo poder de compra. Inclusive, era um dos motivos que os grupos de maior renda haviam perdido em 2021, ou seja, a renda média em relação aos períodos anteriores”, justifica o pesquisador do Observatório das Metrópoles e, também, coordenador do estudo, Marcelo Ribeiro.
Conforme Ribeiro, o Brasil está entrando em uma conjugação bastante positiva de aumento do crescimento da economia, mais do que se esperava em relação à redução da inflação que se estava prevendo e, também, de redução da taxa de desemprego. “Isso significa, principalmente, a inserção das pessoas mais pobres no mercado de trabalho”, pondera. Até porque, segundo ele, os 10% mais ricos não foram os mais atingidos nesses períodos anteriores pelo desemprego. Esse cenário de redução de inflação, de taxa de desemprego e do crescimento econômico, ao contribuir para uma dinamização do mercado de trabalho, permite um maior acesso à renda das famílias em geral, e isso pode possibilitar tanto uma continuidade da redução das desigualdades quanto na redução da pobreza. “A extrema pobreza precisa de políticas sociais para atender esse público, só o mercado de trabalho não é suficiente, mas para a redução da pobreza em geral e das desigualdades, aquilo que se apresenta hoje é de uma melhoria das condições ao longo do tempo”, conclui.
Saiba mais sobre o "Boletim Desigualdade nas Metrópoles nº 13".
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Desigualdade nas metrópoles: mais de 3,4 milhões de brasileiros saem da pobreza em 2022 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU