30 Março 2023
Enquanto a Igreja celebra a "Semana pela Vida" e o Governo se empenha em construir a chamada "paz total" no diálogo com os grupos armados (faz uma semana que foi rompido o diálogo com o principal grupo paramilitar dedicado ao narcotráfico, o Clã do Golfo), continuam morrendo pessoas nas regiões periféricas da Colômbia. Segundo a triste "contabilidade" da ONG Indepaz, na última semana houve três massacres em diferentes zonas do país (27 desde o início do ano) e 5 líderes sociais e defensores dos direitos humanos foram mortos (34 em primeiro trimestre de 2023). A última a ser assassinada foi uma mulher, Mariela Martínez Gaviria, líder de um bairro de Tumaco, na costa do Pacífico, na fronteira com o Equador.
A reportagem é publicada por Agência SIR, 28-03-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
A Colômbia celebrou a "Semana pela Vida" como um esforço para aumentar a conscientização sobre seu valor sagrado em meio a uma cultura de morte.
“O que está acontecendo em nossas áreas rurais devido ao conflito armado e à dominação territorial, em nossas ruas com a violência social e nas portas de nossas casas, além da absurda consideração de que o direito ao aborto está acima da vida humana, deve nos fazer acordar. Parece que perdemos a capacidade de espanto e de reação”, denuncia o padre Rafael Castillo Torres, diretor do Secretariado Nacional de Pastoral Social da Igreja colombiana.
O padre continua: “Acreditamos que chegou a hora de construir a civilidade ao redor de cada um de nós, para nos proteger da violência e nos curar da doença de matar. Devemos construir pactos de cidadania entre aqueles que vivem perto, aqueles que trabalham juntos e estudam no mesmo lugar. Pactos que criem confiança e construam uma sociedade baseada em uma nova forma de resolver as diferenças. Construir uma sociedade que temos ao alcance da mão e que saiba assumir a obrigação e o desafio de encontrar mil e uma maneiras de entronizar a cultura do respeito pelas diferenças; a valorização do outro e a tolerância por meio de uma gestão adequada dos conflitos, para que a vida seja sempre respeitada e preservada. Construir uma sociedade que não ponha em risco a vida de ninguém a cada contradição ou diferença. Construir uma sociedade cujo objetivo nacional seja acabar com a violência e a guerra em meio aos conflitos. Nesse sentido, devemos trabalhar para sair vitoriosos desta guerra: a guerra do conflito armado e a criminalização do conflito na vida cotidiana”.
O padre Castillo conclui: “Devemos construir um novo acordo entre os colombianos. Devemos dotar-nos de uma carta de navegação de médio prazo, da qual possamos nos orgulhar: por ter sido capazes de construir a nação a partir de baixo”.
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Colômbia: três massacres e cinco líderes sociais mortos na última semana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU