06 Fevereiro 2023
O Papa Francisco finalmente chegou à República Democrática do Congo (RDC) como peregrino de reconciliação e paz.
A reportagem é de Giovani Pross, publicada por Settimana News, 03-02-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
O seu primeiro discurso, dirigido às autoridades políticas e diplomáticas e à sociedade civil, teve o diamante como imagem de referência.
O diamante é um mineral que ocupa um lugar muito significativo na vida e na história da RDC. Pela sua força e beleza, o seu valor é de fato objeto de desejo das mais variadas multinacionais; para obtê-lo, estão em jogo muitas vezes a vida de muitas pessoas e a autonomia da própria nação; de possibilidade de ajudar as pessoas a viverem melhor, torna-se causa de empobrecimento...
Aqui já aparece uma alusão a quem explora as pessoas e o território do Congo, privando-o de grande parte da riqueza necessária a uma vida digna. O Papa Francisco diz que os congoleses são muito mais preciosos do que o próprio diamante.
A partir do valor do diamante, o pontífice destaca o valor da própria nação e, considerando suas facetas, destaca a importância das diversidades de cada um, dos grupos, etnias, culturas.
Se, portanto, por um lado, assume importância a unidade da nação e a defesa dessa unidade, confiadas sobretudo às autoridades políticas, pelo outro, como facetas de um mesmo diamante, recorda as responsabilidades de cada um. Cada um deve fazer a sua parte para concretizar o desejo expresso no hino nacional, de construir um país cada vez mais belo.
Infelizmente, o novo colonialismo, não mais apenas aquele político, mas sobretudo econômico, impede um verdadeiro crescimento integral da nação. Aos fatores externos desse impedimento, aos exploradores de todos os tipos, o papa diz para tirarem suas mãos do Congo e da África.
Ele lembra às autoridades locais e as pessoas que cada um tem sua própria responsabilidade. O poder encontra seu sentido no serviço e deve estar próximo das pessoas, não para obter consensos, mas para servir. A injustiça e a corrupção não produzem esplendor. Assim como do diamante bruto se alcança a limpidez, assim também, mediante a educação das crianças, sua proteção e acompanhamento, se alcança um esplendor digno da dignidade humana. Nesse pensamento, o papa insere um espaço importante ao denunciar o trabalho infantil e a exploração das garotas em vários setores da vida.
Até mesmo a Igreja e outras expressões religiosas também têm as suas responsabilidades e devem fazer resplendecer a luz do Evangelho que anunciam, como a limpidez de um diamante.
A participação de todas as partes da sociedade constitui a base da esperança de todo o povo.
Finalmente, partindo da importância global da floresta equatorial presente no Congo e da proveniência do diamante da terra, o Papa Francisco aborda o tema do respeito pela criação.
Uma última palavra para quem quer ajudar o desenvolvimento do país: não se trata de apresentar modelos que vêm de fora, que não correspondem à cultura local, mas sim de modelos sanitários e sociais que não respondam apenas a urgências do momento, mas contribuam para um crescimento social efetivo, com estruturas sólidas e pessoal honesto.
A dureza do diamante sugere a coragem de todos para um recomeço social inclusivo.
Com muito respeito, de forma positiva e proativa, o Papa Francisco tocou e destacou a presença de diversas problemáticas que pesam sobre a história atual da RDC, de modo que em seu discurso podem ser encontradas constatações e palavras sobre a unidade territorial do Congo, as ameaças dos países vizinhos, a exploração estrangeira dos recursos minerais, a colonização econômica, o problema atávico da luta entre as diferentes etnias, a concepção pouco democrática do poder, a corrupção... Mas, apesar de todos essas problemáticas, o pontífice reitera que todos devem ser engajados para se reerguer: indivíduos, sociedade civil, Igreja e grupos religiosos, políticos e economistas.
A esplendecência e o valor do "diamante do Congo" dependerão da capacidade de todos esses componentes polirem o que ainda não o deixa brilhar.
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Tirem as mãos da África - Instituto Humanitas Unisinos - IHU