19 Dezembro 2022
Depois das primeiras indicações imprecisas e incompletas, o caso Rupnik – o jesuíta animador do Centro Aletti em Roma, artista e teólogo – se expande com novos testemunhos e novas admissões.
A reportagem é de Lorenzo Prezzi, publicada em Settimana News, 16-12-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
No site Left, uma mulher que colaborou por algum tempo com a artista relata um forte condicionamento psíquico e uma sujeição acrítica. Tendo entrado para a equipe de mosaicistas do ateliê, com o desejo de aprender a arte, ela se viu envolvida em uma relação confusa e desorientadora.
“As minhas aspirações se tornaram o seu terreno de conquista, a sua arte se tornou o seu terreno de sedução. E, em certo ponto, começou uma relação ‘nova’, no sentido de que, sem que eu me desse conta, ele começou a ter um domínio psíquico sobre mim, a ponto de, por dois anos, eu perder a minha liberdade de pensamento e quase a liberdade de me mover. Estava completamente presa por esse homem e, acima de tudo, completamente perdida. Eu vivia um grande caos interior.”
“A única solução foi fugir. Essa é a palavra. Eu fugi. Inventei um pretexto e fugi.”
O testemunho dela foi ouvido na Companhia de Jesus. Ela foi informada de que um relato anterior havia produzido uma visita canônica ao Centro Aletti e a substituição de Rupnik como diretor, com algumas medidas de contenção (não à confissão e ao acompanhamento espiritual para mulheres).
A interessada não deu continuidade à denúncia, apesar do convite para fazer isso, porque seria difícil “provar”, sobretudo em âmbito cível, um crime de dependência psíquica. Mas ela espera que outros testemunhos apareçam no âmbito das colaboradoras artísticas.
Na quarta-feira, 14 de dezembro, o prepósito geral dos jesuítas, Pe. Arturo Sosa, encontrou-se com um grupo de jornalistas, de acordo com um costume pré-natalino. Entre os 10 pontos que desenvolveu em sua introdução e comentário sobre o ano passado [disponível na íntegra em italiano aqui], um deles é dedicado ao Pe. Rupnik (ponto 6):
“Um bom exemplo do muito que ainda devemos aprender, sobretudo sobre o sofrimento das pessoas. Esse caso, como outros, enche-nos de espanto e de dor (…). Coloca-nos diante do desafio de respeitar essa dor (das vítimas), ao mesmo tempo que se iniciam escrupulosamente os procedimentos exigidos pelas leis civis ou canônicas, e se comunica de forma a não esconder os fatos.”
Ele lembra que o caso é da competência do Dicastério para a Doutrina da Fé, que interveio em episódios “de superação dos limites permitidos nas relações entre o Pe. Rupnik e pessoas adultas da comunidade Loyola, na Eslovênia, enquanto exercia atividades pastorais ligadas ao ministério sacramental”, episódios que prescreveram. As medidas restritivas ainda estão em vigor.
Quando questionado especificamente sobre uma denúncia anterior (2019) relativa à “absolvição do cúmplice” em confissão, Sosa, citando o dicastério, “disse que isso aconteceu. Houve a absolvição do cúmplice”. A pena consequente é a excomunhão, depois revogada. Ele foi perguntado: como se revoga uma excomunhão? “A pessoa deve reconhecer isso e deve se arrepender, o que foi feito.”
Na concentração midiática sobre o abuso e sobre a comunicação incerta por parte da Companhia, os outros nove pontos da comunicação do prepósito geral perderam destaque, embora valha a pena recordá-los.
A experiência traumática da pandemia com a deterioração de muitos indicadores para a vida dos mais pobres se combina com a dramática experiência da guerra na Ucrânia e em outros lugares, com o consequente comprometimento das vítimas e dos refugiados. A violência endêmica ameaça as democracias, como no México, onde dois jesuítas foram mortos recentemente, e a situação dos migrantes se agravou em muitas partes do mundo.
Um grande trabalho tem sido feito na Companhia para difundir uma cultura da proteção às crianças, jovens e pessoas vulneráveis em todas as suas 69 unidades administrativas. E o geral afirma: “Em relação aos adultos vulneráveis, ainda há um longo caminho a fazer, tanto da nossa parte quanto da parte da Igreja Católica e da sociedade civil em geral”.
Tem sido excelente o trabalho da comissão sobre o papel da mulher no corpo apostólico da Companhia, que lançou uma investigação, cujas conclusões operacionais estão previstas para 2024.
É significativa a participação na preparação da JMJ 2023 e no processo sinodal, assim como é particularmente rico o balanço do Ano Inaciano 2021-2022.
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Rupnik: um problema cada vez maior - Instituto Humanitas Unisinos - IHU