19 Novembro 2022
Em tempos de guerra, os jovens matam os idosos. Em tempos de paz são os idosos que matam os jovens.
O comentário é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, ex-prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, publicado por Il Sole 24 Ore, 13-11-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
É fácil compartilhar a primeira afirmação desse aforismo atribuído à sabedoria chinesa. Os jovens, de fato, são mais fortes e mais ágeis na batalha, podem passar por cima e abandonar à sua sorte os idosos; se eles os têm como adversários, são mais rápidos em acertá-los com uma lâmina ou um tiro de fuzil. É a segunda afirmação que inverte os papéis entre idosos e jovens que cria uma surpresa. Mas, sob o véu arcaico do ditado, esconde-se uma realidade que vivenciamos na sociedade contemporânea com as jovens gerações cada vez mais destinadas a um futuro incerto e aleatório. O exemplo que costuma ser trazido é o da enorme dívida pública que recairá sobre os seus ombros.
Mas a lista pode continuar com sua dificuldade de encontrar trabalho, casa e família, com sua marginalização no planejamento político, com os estereótipos de uma educação estagnada, com uma religião incapaz de incutir emoção ou uma visão elevada da vida, com uma linguagem distante e incapaz de se comunicar com eles.
Dito tudo isso, deve-se reconhecer com realismo que também os jovens muitas vezes oferecem o peito aos golpes dos idosos com sua inércia e deixando-se levar pela deriva ou pela rebelião. O Papa João XXIII dirigiu-se a eles assim: “Vocês falam sobre os idosos as mesmas coisas que nós costumávamos falar quando jovens. Está correto. Mas um dia outros jovens dirão o mesmo de vocês”.
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#guerra e paz. Artigo de Gianfranco Ravasi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU