20 Outubro 2022
Os Estados Unidos da América (EUA) estão entre os três países mais populosos do Planeta (depois da China e da Índia) e são o maior país cristão do mundo. De origem WASP (White, Anglo-Saxon and Protestant), os cristãos norte-americanos se dividem em três grandes ramos: protestantes tradicionais, protestantes pentecostais e católicos.
O artigo é de José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia e pesquisador de meio ambiente, publicado por EcoDebate, 19-10-2022.
Em 1972, os cristãos eram 90% da população, os sem religião (ateus, agnósticos e “nenhuma religião em especial”) eram 5% e as outras religiões (judeus, muçulmanos, hindus, budistas, etc.) representavam 5% do total.
Mas em 2020, os cristãos tinham caído para 64% do total populacional e os sem religião subiram para 30% do total. Com base nestas tendências, o Instituto de Pesquisa PEW buscou modelar as tendências futuras considerando: se os cristãos continuarão deixando a religião na mesma taxa observada nos últimos anos? Se o ritmo da mudança religiosa continuará a acelerar? E se a mudança parar e o cenário atual ficará congelado?
Os gráficos abaixo mostram 4 cenários para a transição religiosa nos EUA até 2070, com os cristãos podendo variar de 54% a 35% e os sem religião variando entre 34% e 52%. As outras religiões ficando em torno de 12%.
Cenários para a transição religiosa nos EUA até 2070
Mudança constante – os cristãos perderiam a maioria absoluta, mas ainda continuariam o maior grupo religioso dos EUA até 2070. Cada nova geração teria 31% das pessoas que eram criadas como cristãos se tornando religiosamente não afiliados até atingir 30 anos, enquanto 21% daqueles que cresceram sem religião tornando-se cristãos.
Desfiliação crescente com limites – o grupo sem religião seria o maior grupo em 2070, mas não teria a maioria absoluta. Continuando um padrão recente, a saída do cristianismo torna-se mais comum entre os jovens americanos, pois cada geração vê uma parcela progressivamente maior de cristãos deixando a religião até os 30 anos.
Desfiliação crescente sem limites – o grupo sem religião formaria uma pequena maioria (52%) em 2070 e os cristãos cairiam para 35%. Se o ritmo de mudança antes dos 30 anos acelerasse ao longo do período de projeção sem freios, os cristãos não seriam mais a maioria em 2045. Em 2055, os não afiliados (ser religião) comporiam o maior grupo (46%), à frente dos cristãos (43%).
Sem migração entre os grupos – os cristãos manteriam sua maioria até 2070. Neste cenário, nenhuma pessoa na América mudaria de religião depois de 2020. Mas mesmo nessa situação hipotética, a composição religiosa da população dos EUA continuaria a mudar gradualmente, principalmente como resultado da dinâmica demográfica. Como os cristãos são mais velhos do que outros grupos, em média, e os sem religião (não afiliados) continuariam crescendo pois são mais jovens, com uma parcela maior de sua população em idade fértil.
Atualmente, os EUA são o país de alta renda com maior religiosidade. Mas as projeções do Pew Research Center indicam que o país pode estar seguindo o caminho percorrido nos últimos 50 anos por muitos países da Europa Ocidental que tinham esmagadora maioria cristã no meio do no século 20, mas foram ultrapassados pelo grupo sem religião.
A perspectiva de maior secularização dos Estados Unidos pode ser uma boa notícia para colocar fim aos abusos e conflitos de alguns grupos religiosos na política e na democracia americana.
PEW. Modeling the Future of Religion in America. Pew Research Center, September 13, 2022
ALVES, JED. Os países mais religiosos são os mais desiguais socialmente, Ecodebate, 23/11/2018
ALVES, JED. Dinâmica religiosa nos Estados Unidos, Ecodebate, 11/10/2021
ALVES, JED. A menor influência da religião é essencial para o desenvolvimento econômico, Ecodebate, 21/12/2018
Livro: Demografia e Economia nos 200 anos da Independência do Brasil e cenários para o século XXI, Escola de Negócios e Seguro (ENS), maio de 2022. Escrito por José Eustáquio Diniz Alves, com a colaboração de Francisco Galiza. Acesso gratuito no site da ENS.
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A transição religiosa e a secularização dos Estados Unidos de 2020 a 2070. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves - Instituto Humanitas Unisinos - IHU