10 Outubro 2022
Quando uma pessoa se deixa aferrar pelas obsessões, ou se enreda nas redes de um vício ou tende compulsivamente a uma realidade a ser conquistada, autodestruindo-se. É o caminho ilusório que acredita estar alcançando uma meta de felicidade.
O comentário é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, publicado em Il Sole 24 Ore, 09-10-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"O modo obsessivo de querer algo é a pior maneira de obtê-lo."
Obsessão, como se sabe, é o título do primeiro filme de Luchino Visconti, que apareceu nas telas em 1943, uma obra-prima dramática do neorrealismo. O protagonista Gino está sobrecarregado pela obsessão por uma mulher, e é um pouco na esteira dessa obra que o vocábulo adquiriu uma conotação predominantemente erótico-amorosa.
A matriz verbal latina obsideo remete ao assédio, imagem que retrata bem o comportamento do “obsesso” que arrasta consigo também o sulfuroso do satânico na “possessão” diabólica. Essa divagação também consegue explicar a nossa citação.
Ela deriva do “ensaio romanceado” “Campo di concentrazione” (1972) de um escritor falecido em 2002, Ottiero Ottieri, que recorria nesta e em outras de suas obras a seu tormento pessoal causado por traumas interiores, depressões e pela “pena da vida”.
Com efeito, quando uma pessoa se deixa aferrar por essas obsessões, ou se enreda nas redes de um vício ou tende compulsivamente a uma realidade a ser conquistada, autodestruindo-se. É o caminho ilusório que acredita estar alcançando uma meta de felicidade.
Para se livrar disso, a psicologia é importante certamente, mas também o exercício ascético, a espiritualidade genuína, o desapego corajoso da posse de coisas ou, pior, de pessoas.
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#Obsessão. Artigo de Gianfranco Ravasi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU