Sínodo e síndrome: um entretenimento

Foto: Cathopic

Mais Lidos

  • Niceia 1.700 anos: um desafio. Artigo de Eduardo Hoornaert

    LER MAIS
  • A rocha que sangra: Francisco, a recusa à OTAN e a geopolítica da fragilidade (2013–2025). Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • Congresso arma pior retrocesso ambiental da história logo após COP30

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

20 Agosto 2022

 

"Se o sínodo se tornar síndrome, corremos o risco de perder o "syn". E seria uma doença. Certamente não se deve renunciar a um caminho mais enérgico e com vontade. Mas não deixemos para trás ninguém que não tenha nada além da boa vontade do seu lado. E pouco fôlego", escreve Marcello Matté, jornalista, em artigo publicado por Settimana News, 17-08-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Eis o artigo.

 

Sínodo: caminhar juntos. Síndrome: correr juntos. Concorrer e concorrência. No jogo dos significados prejudiciais, um convite para o caminho sinodal da Igreja.

 

Sínodo e síndrome: ambos os termos de derivação grega.

 

Sínodo: caminhar juntos.

 

Síndrome: correr juntos.

 

Estamos apreciando destes tempos o significado rico de carga positiva da palavra sínodo e o colocamos como título de um trabalho consistente da Igreja.

 

Dissemos a nós mesmos que o "caminho sinodal" corre o risco de ser uma tautologia, mas repetimos a nós mesmos, no entanto, que o caminho da Igreja não é evangélico ou missionário se não for um "caminho juntos". Na realidade da vivência, a tautologia é tudo menos tida como certa.

 

Síndrome é um termo associado a significados alarmantes. Uma constelação de sintomas clínicos, orgânicos ou psicológicos, que denunciam uma doença, um diagnóstico preocupante, uma terapia – se houver – longa e cansativa. Ao compor os termos, me desponta uma sugestão: caminhar junto anuncia um valor; correr junto denuncia uma patologia.

 

Mantendo a aproximação no âmbito da experiência eclesial deste tempo, chego a pensar que o passo da Igreja é o do caminho, não o da corrida. A cada apelo que ouço - e aprecio - para acelerar, ouço a respiração ofegante de quem não consegue. Se o sínodo se tornar síndrome, corremos o risco de perder o "syn". E seria uma doença. Certamente não se deve renunciar a um caminho mais enérgico e com vontade. Mas não deixemos para trás ninguém que não tenha nada além da boa vontade do seu lado. E pouco fôlego.

 

O termo "concorrência" (tradução literal de síndrome) é usado com um significado ambivalente. O substantivo concorrência alude a uma competição, onde um vence o outro. E, em suas referências comerciais, sabemos que a concorrência também pode comportar “causar tropeços”, “jogar desleal”.

 

O verbo concorrer, por outro lado, desenha percursos diversos que convergem para um mesmo fim; elementos que acabam convergindo. A "comunhão" (juntos) prevalece sobre a "ordem" (primeiro, segundo, terceiro...). O Conselho Permanente da CEI publicou em 1981 o famoso documento A Igreja italiana e as perspectivas do país, que entrou na consciência eclesial como Recomeçar dos últimos.

 

Em 1986 (após a nomeação de Ruini como secretário da CEI?) D. Chiarinelli comentou: "Em 1981 recomeçamos dos últimos, mas nos saímos bem: em menos de cinco anos já alcançamos os primeiros".

 

Leia mais