O que há mais ou menos meio século serviu de moto para pensar a era da comunicação de massa – a ideia de meio trabalhada criticamente por McLuhan –, assume hoje, a partir de um outro repertório teórico, contornos distintos para pensar a experiência humana diante do colapso climático. Para discutir questões atinentes a este universo, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU recebe, nesta quinta-feira, 18-8-2022, o professor e pesquisador Rodrigo Petrônio. Ele apresenta a conferência Mesoceno: a Era dos Meios e o Antropoceno, evento que integra a programação do IHU Ideias. A transmissão ocorre nas plataformas digitais do IHU a partir das 17h30 e na home page do Instituto.
“Tenho desenvolvido o conceito de Mesoceno: uma época dos meios-relações. Inspirado em minha teoria dos mesons (meios-mundos), o Mesoceno pretende dissolver e relativizar a centralidade do humano em meio aos demais processos da geosfera, da biosfera, da antroposfera, da tecnosfera e da cosmosfera. Esta nova (ceno) época da vida (bíos) que emerge agora com o fim do Holoceno nasce de uma reconfiguração global de todas as definições de natureza, redefinida a partir da iminente exponencialização da inteligência artificial”, escreve Petrônio em seu livro Por que o futuro será uma Era dos Meios (Bauru: Letras e Cores, 2021), cujo excerto foi publicado no Cadernos IHU Ideias.
Capa do livro Por que o futuro será uma Era dos meios
Nesse sentido, Petrônio aborda a questão dos meios em perspectiva semiótica, ou seja, das mediações implicadas no que significa viver em um mundo (mal) equilibrado entre o colapso climático, a Inteligência Artificial com suas big datas e o capitalismo destrutivo. “Apenas uma semiose ecossistêmica pode nos fornecer uma chave de interpretação à altura das ‘novas acrobacias do capitalismo’. É preciso compreender o Antropoceno e o big data de um ponto de vista sistêmico e complexo. Isso implica a compreensão e a taxonomia dos diferentes tipos de signos e das diferentes mediações implicados nessas redes informacionais e comunicacionais de dados”, explica Petrônio na obra.
Rodrigo Petrônio (Reprodução TV Brasil)
Rodrigo Petronio é escritor e filósofo e atualmente é professor titular da Faculdade de Comunicação da Fundação Armando Álvares Penteado - FAAP. Desenvolve pós-doutorado no Centro de Tecnologias da Inteligência e Design Digital - TIDD/PUC-SP sobre a obra de Alfred North Whitehead e as ontologias e cosmologias contemporâneas. Ainda é doutor em Literatura Comparada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ.
Possui dois mestrados: em Ciência da Religião, pela PUC-SP, sobre o filósofo contemporâneo Peter Sloterdijk, e em Literatura Comparada, pela UERJ, sobre literatura e filosofia na Renascença. Entre suas publicações de poemas, destacamos História Natural (São Paulo: Gargântua, 2000), Assinatura do Sol (Lisboa: Gêmeos R, 2005) e Pedra de Luz (Lisboa: A Girafa, 2005), entre outros.
Divide com Rodrigo Maltez Novaes a coordenação editorial das Obras Completas do filósofo Vilém Flusser pela Editora É, que prevê a publicação dos primeiros 20 títulos entre 2018-2020.
No dia 15 de setembro, Petrônio participa do evento Ciclo de Estudos Manifesto Terrano. Construindo uma geofilosofia de Gaia com a conferência Abismos da Leveza. Por uma filosofia pluralista.