Ocorre nesta quarta-feira, 28/7/2022, a conferência Cosmopolíticas dos animais: por uma concepção política para além do humano com a professora e pesquisadora Juliana Fausto. A atividade encerra a programação do Ciclo de Estudos Decálogo sobre o fim do mundo, realizado e promovido pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU. O evento terá transmissão on-line e estará disponível nas plataformas digitais do IHU, dentre elas o YouTube.
“Ao longo deste livro, procurei, por entre situações multiespecíficas, delinear alguns semblantes de políticas animais ou com os animais. Talvez a primeira conclusão, a mais óbvia e que, no entanto, permaneceu por tantas vezes oculta, é que essas políticas existem, em ato e em potência”, escreve Juliana Fausto, em texto publicado no site da editora n-1, sobre seu livro intitulado A cosmopolítica dos animais (São Paulo: N-1, 2020).
Um dos aspectos interessantes da obra e do debate é que ele condensa uma série de debates realizados ao longo de todo o evento, considerando, inclusive, alianças políticas multiespécies. Diante deste contexto emergem uma série de questões.
“O que a biota terrestre está fazendo quando, por sua interação entre si e com entes físicos, constitui o sistema biogeofísico conhecido como Gaia? O que os chimpanzés no zoológico de Burgers estão fazendo quando se aliam ou se traem? O que fazem os lobos quando brincam entre si, inventando, negociando e aceitando (ou não) os termos do jogo, e aprendendo, assim, a agir de maneira justa? O que fazem as formigas escravizadas quando sabotam os ovos e pupas de suas captoras?”, provoca Juliana.
A proposta do Ciclo de Estudos Decálogo sobre o fim do mundo é discutir, de modo transdisciplinar, os desafios que o novo regime climático do planeta impõe às nossas formas de pensar, conceber e habitar o mundo. Dividido em dez conferências, a programação do ciclo retoma questões políticas, filosóficas e teológicas sobre a vida no antropoceno, considerando o ocaso e, em certo sentido, o fim/esgotamento da Modernidade.
No centro da crise, o sentido e a autorreferencialidade do ser humano em um mundo em que cada vez mais somos governados pelo que nos habituamos chamar de natureza. Trata-se, portanto, de um debate que leva em conta o deslocamento da política para a dimensão cosmopolítica. Repensar a condição humana diante do novo regime climático e a ameaça da sexta extinção em massa, justamente da espécie humana, pode ser o ponto inicial da discussão aqui proposta.
Juliana Fausto possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001), mestrado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2012) e doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2017). Atualmente é pós-doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Paraná, com bolsa PNPD/CAPES, onde atua como professora visitante, ministrando disciplinas nos níveis de Graduação e Pós-Graduação em Filosofia.
Desenvolve pesquisa na área de Filosofia e a Questão Ambiental, com ênfase na relação dos animais outros que humanos com a política, e na área de estudos feministas, com ênfase em epistemologias feministas e nos conceitos de mulheres, natureza e monstruosidade. Tem interesse em temas relacionados a Antropoceno, animais, ecofeminismo, gênero, cinema e literatura. Foi bolsista Nota Dez da FAPERJ (2015-2016).
Juliana Fausto (Foto: Arquivo pessoal/Instagram)