A cosmopolítica dos animais diante do fim do mundo

Imagem: Rawpixel / CC

Por: Ricardo Machado | 27 Julho 2022

 

Ocorre nesta quarta-feira, 28/7/2022, a conferência Cosmopolíticas dos animais: por uma concepção política para além do humano com a professora e pesquisadora Juliana Fausto. A atividade encerra a programação do Ciclo de Estudos Decálogo sobre o fim do mundo, realizado e promovido pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU. O evento terá transmissão on-line e estará disponível nas plataformas digitais do IHU, dentre elas o YouTube.

 

 

 

 

 

“Ao longo deste livro, procurei, por entre situações multiespecíficas, delinear alguns semblantes de políticas animais ou com os animais. Talvez a primeira conclusão, a mais óbvia e que, no entanto, permaneceu por tantas vezes oculta, é que essas políticas existem, em ato e em potência”, escreve Juliana Fausto, em texto publicado no site da editora n-1, sobre seu livro intitulado A cosmopolítica dos animais (São Paulo: N-1, 2020).

 

Um dos aspectos interessantes da obra e do debate é que ele condensa uma série de debates realizados ao longo de todo o evento, considerando, inclusive, alianças políticas multiespécies. Diante deste contexto emergem uma série de questões.

 

“O que a biota terrestre está fazendo quando, por sua interação entre si e com entes físicos, constitui o sistema biogeofísico conhecido como Gaia? O que os chimpanzés no zoológico de Burgers estão fazendo quando se aliam ou se traem? O que fazem os lobos quando brincam entre si, inventando, negociando e aceitando (ou não) os termos do jogo, e aprendendo, assim, a agir de maneira justa? O que fazem as formigas escravizadas quando sabotam os ovos e pupas de suas captoras?”, provoca Juliana.

 

 

Ciclo de Estudos Decálogo sobre o fim do mundo

 

A proposta do Ciclo de Estudos Decálogo sobre o fim do mundo é discutir, de modo transdisciplinar, os desafios que o novo regime climático do planeta impõe às nossas formas de pensar, conceber e habitar o mundo. Dividido em dez conferências, a programação do ciclo retoma questões políticas, filosóficas e teológicas sobre a vida no antropoceno, considerando o ocaso e, em certo sentido, o fim/esgotamento da Modernidade.

 

No centro da crise, o sentido e a autorreferencialidade do ser humano em um mundo em que cada vez mais somos governados pelo que nos habituamos chamar de natureza. Trata-se, portanto, de um debate que leva em conta o deslocamento da política para a dimensão cosmopolítica. Repensar a condição humana diante do novo regime climático e a ameaça da sexta extinção em massa, justamente da espécie humana, pode ser o ponto inicial da discussão aqui proposta.

 

Conferencista - Juliana Fausto

 

Juliana Fausto possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001), mestrado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2012) e doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2017). Atualmente é pós-doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Paraná, com bolsa PNPD/CAPES, onde atua como professora visitante, ministrando disciplinas nos níveis de Graduação e Pós-Graduação em Filosofia.

 

Desenvolve pesquisa na área de Filosofia e a Questão Ambiental, com ênfase na relação dos animais outros que humanos com a política, e na área de estudos feministas, com ênfase em epistemologias feministas e nos conceitos de mulheres, natureza e monstruosidade. Tem interesse em temas relacionados a Antropoceno, animais, ecofeminismo, gênero, cinema e literatura. Foi bolsista Nota Dez da FAPERJ (2015-2016).

 

Juliana Fausto (Foto: Arquivo pessoal/Instagram)

 

 

 

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