10 Mai 2022
Se o desejo de união física não for estimulado pelo amor, se o amor erótico não for também amor fraterno, nunca levará à fusão, senão em sentido orgiástico e fictício. A atração sexual cria, no momento, uma ilusão de união. Mas sem amor essa "união" deixa os dois seres estranhos e divididos como antes.
O comentário é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, em artigo publicado por Il Sole 24 Ore. A tradução é de Luisa Rabolini.
Forte é a atração sexual física que está na raiz da vida e que vibra constantemente nos seres vivos. Homem e mulher certamente não são estranhos a isso. No entanto, eles são capazes de ascender a um nível mais alto, menos cego e instintivo que o primeiro: é o eros no sentido mais elevado do termo, é a paixão, o sentimento, a ternura, a doçura, a descoberta da beleza do parceiro.
Mas o outro/outra ainda permanece um tanto externo e pode correr o risco de ser considerado apenas uma realidade agradável e fascinante.
Eis, pois, um terceiro nível, plenamente humano, o amor que é doação recíproca total e absoluta, como exclama a mulher do Cântico dos Cânticos bíblico: "Meu amado é meu e eu sou dele... Eu sou do meu amado e o meu amado é meu" (2,16; 6,3). A escada da ascensão do sexo e do eros ao amor é claramente descrita no parágrafo que extraímos de A Arte de Amar (1956), a obra mais conhecida e difundida do pensador e psicólogo alemão Erich Fromm.
Cada um releia aquelas linhas e as compare com sua experiência de casal: é uma atração meramente sexual a ser "consumida", ou têm uma emoção de eros, de poesia, de ternura e, acima de tudo, têm um frêmito do amor que gera uma fusão não só de corpos, mas também de almas?
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#sexo e amor. Artigo de Gianfranco Ravasi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU