20 Abril 2022
O Papa Francisco decidiu enviar seu ministro das Relações Exteriores, monsenhor Paul Gallagher, à Ucrânia. De acordo com o que se apurou de fontes diplomáticas, o arcebispo já deveria estar em Kiev, para se encontrar com o seu homólogo Kuleba, já antes da Páscoa. Foi a Covid que o manteve no Vaticano e adiou a viagem, pois testou positivo alguns dias antes de partir.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 19-04-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Assim que a visita diplomática for retomada, está destinada a voltar ao horizonte e, consequentemente, outra data será marcada de acordo com as respectivas agendas institucionais. Trata-se de um sinal importante que demonstra como o Papa acompanha com angústia a evolução de uma situação cada vez mais complicada e carregada de consequências. Não é por acaso que na mensagem difundida urbi et orbi no dia de Páscoa ele tenha citado o manifesto antinuclear de 1955, promovido na época por Albert Einstein e Bertrand Russel e assinado por dezenas de ganhadores do Prêmio Nobel para alertar contra a destrutividade das armas atômicas, indicando o desarmamento como o único caminho.
Há tempo Francisco pede às grandes potências o desarmamento nuclear. O apelo feito imediatamente após a visita a Hiroshima e Nagasaki há três anos é significativo. O fantasma da terceira guerra mundial, em sua opinião, está se tornando cada vez mais concreto, como ele também afirmou recentemente, já que com o conflito ucraniano-russo é como se muitas peças de um mesmo mosaico se unissem, a cita guerra mundial travada em pedaços que está se compactando. A análise de Francisco obviamente leva em conta o potencial bélico da Federação Russa.
Durante o voo de volta de Malta, há duas semanas, o Papa Francisco lembrou à imprensa que a diplomacia do Vaticano está trabalhando para facilitar um diálogo difícil. Citou o trabalho do Cardeal Parolin e do Monsenhor Gallagher: “estão fazendo de tudo. Claro que não se pode publicar tudo o que fazem, por prudência, por confidencialidade, mas estamos no limite do trabalho”.
Àqueles que lhe perguntaram por que não vai a Kiev, como muitas personalidades políticas e religiosas lhe pedem repetidamente, Francisco respondeu que sempre continua sendo um projeto em sua mesa. “Entre as possibilidades está a viagem. O presidente da Polônia me pediu para enviar o cardeal Krajewski para visitar os ucranianos, ele já foi duas vezes, levou duas ambulâncias. A outra viagem que me pediram, na Ucrânia, eu disse com sinceridade que tinha em mente ir para lá, que minha disponibilidade existe, não há não. Eu disse que está na mesa, está lá como uma das propostas apresentadas. Mas não sei se pode ser feito, se é conveniente fazê-lo e seria o melhor, tudo isso está no ar. Além disso, há tempo se pensa em um encontro com o Patriarca Kirill, estamos trabalhando e estamos pensando no Oriente Médio para fazê-lo”.
Enquanto isso, no entanto, o Papa Francisco enviará Monsenhor Gallagher a Kiev assim que ele se restabelecer da Covid.
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Papa Francisco enviará seu ministro das Relações Exteriores, D. Gallagher a Kiev (mas agora ele está com Covid) - Instituto Humanitas Unisinos - IHU