26 Janeiro 2022
Estudos recentes mostram que na América Latina, sobretudo no Brasil está se dando a passagem do catolicismo ao pentecostalismo, um debate abordado na entrevista de Dom Walmor Oliveira de Azevedo a Rádio Vaticano-Vatican News.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
Segundo o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), esse “é um movimento já de décadas”, que define como “uma grande transformação cultural e religiosa”. Mesmo assim, o arcebispo de Belo Horizonte vê necessário uma análise mais profunda, dado que “é um tema importante e fundamental no trabalho evangelizador”.
Estamos diante de “um movimento no trânsito religioso, de ida maior, mas também de retorno”, insiste Dom Walmor. Afirmando que é um tema que está sendo estudado e que provoca preocupação, “a preocupação não é simplesmente na perspectiva do número”. Os bispos do Brasil, segundo seu presidente, “queremos que o Brasil seja cristão, católico de modo especial”, dizendo com todo respeito que “há um crescimento pentecostal a partir de um cristianismo torto”, enfatizando a necessidade de “propor o cristianismo na sua autenticidade”.
O arcebispo de Belo Horizonte foi relatando o que seria um cristianismo torto: “um cristianismo que se baseia na teologia da prosperidade é um cristianismo torto. Um cristianismo que não se baseia na solidariedade universal e na fraternidade é um cristianismo torto. Um cristianismo que não olha a experiência profunda de se debruçar sobre os pobres e sofredores, é torto. Um cristianismo que não projeta luzes numa reorganização da sociedade é torto. Um cristianismo que também não devolve esperança e alegria de viver numa fé profunda é torto”.
Segundo o presidente da CNBB, “o Brasil e a América Latina têm diante de si o desafio de ser cristão”. Para isso insiste em que “no centro da experiência cristã, evangélica ou católica, há o tema o tema da autenticidade”. Ele coloca como grande trabalho a fazer, “que muitos vivam a experiência, a fé cristã católica”, algo que vê como “um enorme desafio e que a CNBB como serviço à Igreja no Brasil, tem como tarefa primordial”. Para isso, se faz necessário novas respostas, “a partir das Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil”.
Seguindo a riqueza da tradição da Igreja no Brasil, o presidente do episcopado coloca como desafio, “uma mudança de mentalidade, de jeito de ser, de dinâmica missionária”, insistindo na importância “do modo de ser na experiência de fé daqueles que são missionários e missionárias”. Enfatizando que a Igreja no Brasil tem horizonte e rumo, diz que “nós precisamos é fortalecer uma grande experiência de fé”.
Dom Walmor relatou a resposta dada no início do século diante de uma pergunta sobre o grande desafio para a Igreja no terceiro milênio, quando ele disse que “o grande desafio é a fé como experiência”. Segundo o arcebispo de Belo Horizonte, “não é a fé apenas como conservação intelectual, racional e doutrinal”. Destacando a importância do tesouro de mais de dois mil anos que a Igreja carrega, insistiu em que “o grande desafio é exatamente uma fé como experiência, uma experiência que toque a vida das pessoas”.
Além da organização, da gestão, se faz necessário “uma promoção na rede de comunidades, na vida de todas as nossas igrejas particulares, no modo de ser de cada ministro, uma experiência de fé que seja autêntica, que toque corações, que responda às demandas”. Por isso, ressaltou mais uma vez que frente ao pentecostalismo ou o ateísmo, a Igreja deve insistir em que “a fé é uma experiência, uma experiência que responde às demandas que nós todos, seja qual for a nossa cultura e, a nossa condição, estamos à procura”. O desafio é “encontrar nesse caminho respostas para que as pessoas vivam a fé como experiência”, encerrou Dom Walmor.
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Dom Walmor: “Um cristianismo que se baseia na teologia da prosperidade é um cristianismo torto” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU