11 Janeiro 2022
O Sínodo para a Amazônia ajudou a Igreja da região a tomar consciência da necessidade de acompanhar a vida dos povos que habitam em países diferentes. O Documento Final, no número 13 afirma que “territórios de circulação indígena tradicional, separados por fronteiras nacionais e internacionais, exigem uma pastoral transfronteiriça capaz de compreender o direito à livre circulação destes povos”.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
Essa pastoral transfronteiriça tem sido um empenho na Diocese do Alto Solimões. A paróquia de Belém do Solimões, que acompanha o povo ticuna, vem dando passos para fazer realidade uma Igreja intercultural. De 4 a 8 de janeiro de 2022, 204 ticunas de 27 comunidades, que fazem parte do Vicariato Apostólico de Leticia (Colômbia) e da Diocese do Alto Solimões, se reuniram para participar do 2º Encontro Geral da Pastoral Ticuna, coordenado pelos Frades Menores Capuchinhos, e as Missionárias da Imaculada e os Missionários de Guadalupe.
Foto: Paróquia de Belém do Solimões (enviada por Luis Miguel Modino).
O encontro aconteceu na paróquia São Francisco de Assis, comunidade de Belém do Solimões, dentro da Terra Indígena EWARE. Nele participaram Ministros da Palavra, Catequistas, Agentes do Dízimo, Jovens, coordenadores, Missionários, Caciques, tanto homens quanto mulheres.
Foto: Paróquia de Belém do Solimões (enviada por Luis Miguel Modino).
Ao longo de 5 dias, tem sido um momento de partilhas, escutas dos desafios de cada comunidade, trabalhos em grupo, e formações em torno a 4 pilares: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária. Ao longo do encontro foi valorizada a língua e cultura ticuna, com instrumentos musicais indígenas, celebrações, terço e louvores todo dia. O encontro também refletiu sobre o Sínodo 2021-2023, que tem como tema “Por uma Igreja Sinodal: Comunhão, Participação e Missão”, sendo encaminhado tudo o que foi refletido aos bispos da Dioceses do Alto Solimões, Dom Adolfo Zon, do Vicariato Apostólico de Leticia, Dom José de Jesús Quintero Díaz e ao Papa Francisco.
Foto: Paróquia de Belém do Solimões (enviada por Luis Miguel Modino).
No final do encontro, as comunidades presentes no encontro assumiram compromissos para viver neste 2022, entre outros: celebrar de forma inculturada todo Domingo; fazer catequese e rezar o terço toda semana; cuidar melhor da natureza (ecologia); cuidar dos jovens formando grupos e lutando juntos contra o alcoolismo; continuar a preparar e enviar mais missionários/as ticuna para ajudar as comunidades e Paróquias mais enfraquecidas; rezar mais pelas vocações e organizar melhor a pastoral vocacional ticuna.
Buscando uma melhor articulação e se fortalecer como povo ticuna católico em nível diocesano e transfronteiriço, foi planejado e aprovado um calendário pastoral para 2022, onde serão realizadas formações bíblicas para os Ministérios e Sacramentos como também encontros em prol da ecologia, da cultura e da luta contra os problemas juvenis (o alcoolismo, a violência e o suicídio...) educando para a feliz sobriedade.
Foto: Paróquia de Belém do Solimões (enviada por Luis Miguel Modino).
A grande participação tem sido motivo de alegria para os organizadores do encontro, que tem vivido este momento como uma grande celebração. Uma oportunidade para amadurecer uma Igreja com rosto indígena e missionário, um desafio e uma dificuldade, mas que aos poucos vai dando passos que ajudam a torna realidade uma das propostas do Sínodo para a Amazônia.
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Pastoral ticuna transfronteiriça: avançar numa Igreja com rosto amazônico - Instituto Humanitas Unisinos - IHU